Um dos filmes mais belos e impactantes na Netflix, que todo mundo precisa ver pelo menos uma vez na vida John Bramley / Summit Entertainment

Um dos filmes mais belos e impactantes na Netflix, que todo mundo precisa ver pelo menos uma vez na vida

Stephen Chbosky é um escritor e cineasta, conhecido por “Extraordinário” e “As Vantagens de Ser Invisível”, sendo este último baseado no romance que ele próprio escreveu e publicou em 1999, pela editora de livros da MTV.  O enredo gira em torno de um grupo de adolescentes excluídos, mas principalmente Charlie (Logan Lerman), um jovem depressivo e solitário, com uma bagagem emocional difícil de ser ignorada.

No livro, o leitor é apresentado à sua história por meio de cartas. As cartas são estratégias terapêuticas para que muitos pacientes com transtornos mentais consigam digerir e lidar com suas emoções. Tanto o livro como o filme são como se Charlie estivesse na terapia e abrindo seu coração para os espectadores. Seus traumas e experiências dolorosas vão se desenrolando aos poucos, conforme ele abre seus segredos para o público.

Charlie está no fim do ensino médio e não tem amigos. Seu melhor amigo tirou a própria vida no ano anterior. Mas este está longe de ser seu único problema. Ele testemunha a irmã, Candance (Nina Dobrev) apanhar do próprio namorado, Derek (Nicholas Braun). Ao tentar defendê-la, ela o afasta e o faz prometer que não vai contar para ninguém. Além disso, Charlie nunca superou a morte de sua tia Helen, embora ela tenha falecido há anos. Há algo de profundo e secreto em sua relação com a tia, que só nos é revelado mais tarde.

Enquanto isso, Charlie é rejeitado pelos outros alunos, incluindo a ex-amiga de infância, Susan (Julia Garner), que agora finge que nem o conhece. Tentando se recuperar de um ano difícil e de seus próprios problemas psicológicos, ele reage. Durante todo o filme o vemos se mobilizar para fazer amizades e construir pontes com as pessoas. Em momento algum ele se isola, mas se abre sobre a morte do amigo com Sam (Emma Watson), a garota por quem tem uma quedinha, fala com seu professor Anderson (Paul Rudd) sobre seu amor platônico pela garota citada anteriormente e sobre sua crise depressiva com a irmã.

Em meio às inúmeras tentativas de pertencer e se conectar com os outros, ele conhece Patrick (Ezra Miller) durante um jogo de futebol americano da escola. É o novo amigo que o apresenta à sua meia-irmã, Sam, e aos outros excluídos Bob (Adam Hagenbuch), Mary Elizabeth (Mae Whitman) e Alice (Erin Wilhemi). É nesse grupo de desajustados que ele encontra as pessoas mais autênticas, criativas, talentosas e empáticas de toda a escola.

As experiências de Charlie junto a este círculo nada convencional de pessoas são incríveis, enriquecedoras e o ajudam a amadurecer e a encarar seus problemas sem se sentir inferior ou maluco. O problema é que todos estão saindo do ensino médio e deixando o colégio. Estão prestes a deixar a cidade e partir para as universidades e para a vida adulta. O ano parece voar e perder o melhor da sua vida tão rápido é aterrorizante para Charlie, que terá de encarar o inevitável: ficar sozinho novamente.

Enquanto tudo isso se desenrola, descobrimos segredos profundos, não apenas do protagonista, mas de vários personagens. E por meio de suas histórias, Chbosky discute e expõe alguns transtornos psicológicos e traumas, fala sobre homofobia, drogas, sexo, pressão para entrar na universidade e outros temas recorrentes na adolescência.

Há uma delicadeza admirável na habilidade de Chbosky em misturar drama e comédia e assuntos leves com temas densos e chocantes. “As Vantagens de Ser Invisível” é um drama adolescente comovente e capaz de falar com pessoas de todas as idades.


Filme: As Vantagens de Ser Invisível
Direção: Stephen Chbosky
Ano: 2012
Gênero: Drama / Comédia / Romance
Nota: 10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.