Sequência mais que esperada: deixe tudo para depois e assista agora ao maior sucesso mundial do momento! Andrea Resmini / Netflix

Sequência mais que esperada: deixe tudo para depois e assista agora ao maior sucesso mundial do momento!

Segunda colaboração dos irmãos cineastas David e Àlex Pastor com a Netflix, depois de “A Casa”, “Bird Box: Barcelona” é sequência do bem-sucedido thriller estrelado por Sandra Bullock em 2018. Se em “Ensaio Sobre a Cegueira”, romance de José Saramago que também virou filme pelas mãos de Fernando Meirelles, temos uma metáfora à sociedade cega, em que o indivíduo é incapaz de enxergar o outro, sendo sua individualidade mais importante que o bem coletivo, outras obras apocalípticas de gêneros parecidos também têm representações muito mais profundas que o óbvio.

Assim é “Bird Box”, independente de qual deles estejamos discutindo, uma obra que também deve ser lida nas entrelinhas. Na prática, o filme é sobre um mundo onde os humanos foram dizimados por criaturas invisíveis, alienígenas ou sobrenaturais, não fica claro, que induzem as pessoas a tirarem as próprias vidas. O tal ser misterioso faz com que os humanos e animais acessem lembranças dolorosas ou amedrontadoras que os fazem procurar a morte.

Na metáfora, o inimigo comum da humanidade são os demônios internos, os medos e os traumas. O filme faz referência à saúde mental e sobre como apenas aqueles que fecham seus olhos e ignoram “os monstros” são capazes de sobreviver. Para seguir em frente, é preciso optar por não olhar para o que se tem medo.

Em “Um Lugar Silencioso”, obra-prima de John Krasinski, o monstro que destrói a humanidade também é invisível, mas ao invés de atacar quem olha diretamente para ele, o inimigo encontra suas vítimas por meio dos sons. Neste outro filme, a mensagem subentendida é sobre a parentalidade, momento em que Krasinski vivia com sua esposa, a atriz e protagonista da trama, Emily Blunt. É sobre como os pais se tornam líderes de sua pequena comunidade e como essa responsabilidade pode ser aterradora. Também é sobre o vínculo que construímos com nossa família.

No thriller dramático “Bird Box: Barcelona”, começamos com um protagonista e terminamos com outro. À princípio, acompanhamos a história de Sebastián (Mario Casas), que tenta a todo custo proteger sua filha, Anna (Alejandra Howard), deste ser invisível, enigmático e destruidor, que incorpora na mente das pessoas seus pesadelos e angústias. Mas os caminhos de Sebastián encontram todo tipo de azar, além de um grupo de sobreviventes que, com ou sem afinidade, se unem para sobreviver. Entre eles, está Claire (Georgina Campbell) e Sofia (Naila Schuberth), com quem acompanhamos o resto da jornada.

Nesta história paralela, os irmãos Pastor exploram mais dos significados que o monstro pode ter para diferentes pessoas. A religião acaba ganhando uma discussão mais ampla aqui. Sebastián encontra um líder religioso que não apenas tenta encontrar seu próprio sentido bíblico para a situação, como induz outras pessoas a compartilharem de sua crença.

Com uma belíssima fotografia cinzenta e gelada, somos transportados por essa agonizante e perigosa travessia à salvação. Particularmente, achei a sequência dos irmãos Pastor melhor que a versão americana, mesmo sem Sandra Bullock. Vale também ressaltar que Mario Casas é um dos atores de maior destaque no cinema espanhol, no momento, e conduz a trama com competência equivalente. A qualidade das atuações, assim como o nível da produção, se mantêm.


Filme: Bird Box: Barcelona
Direção: David e Àlex Pastor
Ano: 2023
Gênero: Mistério / Suspense / Drama
Nota: 8/10