Sequência de um dos filmes mais assistidos do cinema brasileiro acaba de estrear na Netflix Divulgação / Netflix

Sequência de um dos filmes mais assistidos do cinema brasileiro acaba de estrear na Netflix

Se você não assistiu “Ricos de Amor”, uma produção original Netflix dirigida por Bruno Garotti, Jessica Blue e Anita Barbosa, com roteiro coescrito por Sylvio Gonçalves, não tem problema. Sua continuação, “Ricos de Amor 2”, pode ser visto sem grandes complicações.

O enredo desta sequência é bem simples de ser acompanhado. Teto (Danilo Mesquita) é um jovem rico, que fundou com seus dois amigos de classes sociais inferiores, Igor (Jaffar Bambirra) e Monique (Lellê), uma cooperativa de tomate, chamada Teto Fresco. A namorada de Teto, Paula (Gi Lancellotti), é médica e foi recrutada para atender em aldeias indígenas de Manaus. Apaixonado, ele decide ir com ela e levar junto a cooperativa.

Quando a Teto Fresco chega em Manaus ameaçando a hegemonia de uma grande companhia, pertencente a Everaldo (Roney Villela), um antigo amigo de seu pai, o empresário experiente tenta negociar a compra a pequena cooperativa. Embora Teto seja veementemente contra, Igor e Lellê se interessam pelo acordo, afinal, a Teto Fresco não vai bem financeiramente. Enquanto os dois sócios tentam transacionar sua start-up, Teto vive outros impasses durante sua passagem por Manaus.

Enquanto tenta impedir sua cooperativa de ser vendida, Teto luta para manter o complicado romance com Paula. Ele pensa em casamento e família; ela quer sua independência, explorar novos horizontes e se descobrir em sua carreira. No período em que Paula atende em uma aldeia indígena com ajuda de Tauã (Adanilo Reis), ela descobre que a empresa de Everaldo e seu garimpo ilegal está contaminando a água com mercúrio e deixando a população nativa gravemente doente. Já Teto faz amizade com uma curandeira (Kay Sara) e descobre algumas tradições e riquezas dos povos da floresta.

Todas essas situações colocam em prova o amor de Teto e Paula, que precisam amadurecer, abrir mão de suas teimosias e orgulho para conseguir forjar um relacionamento estável e duradouro.

Bruno Garotti assina a direção desta sequência ao lado de Sylvio Gonçalves. Embora clichê e comercial, a comédia romântica da Netflix traz um novo olhar sobre este gênero no Brasil, e é o olhar inclusivo. Desta vez, a produção dá visibilidade para os indígenas e para os crimes sistemáticos que ocorrem no Norte do país, devastando o que resta da maior floresta tropical do mundo e mais importante biodiversidade do planeta, além do extermínio dos povos originários. Mas não vamos nos precipitar, o assunto ainda ocorre de maneira bastante superficial. Mesmo assim, já é importante colocar o tema na mesa da cultura popular e debater com maior acessibilidade e amplitude.

O tema vem sendo, ainda, desenvolvido de forma mais popularizada na série “Cidade Invisível”, que também conta com Kay Sara no elenco. É muito positivo que a Netflix aproveite de sua popularidade e alcance para disseminar um tema tão relevante, afinal, é para isso que serve a cultura: informar, ampliar debates, espalhar conhecimento e provocar reflexões.

“Ricos de Amor 2” fala desse assunto tão polêmico sem perder sua principal característica: a de entretenimento. O filme ainda possui a vibrante atuação de Fernanda Paes Leme, que brilha em cada cena que aparece, fortalecendo o elenco mais jovem.


Filme: Ricos de Amor 2
Direção: Bruno Garotti e Sylvio Gonçalves
Ano: 2023
Gênero: Romance/Comédia
Nota: 6/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.