Último dia para assistir na Netflix a um dos mais belos filmes de amor de todos os tempos, ganhador de 7 Oscars Divulgação / Universal Pictures

Último dia para assistir na Netflix a um dos mais belos filmes de amor de todos os tempos, ganhador de 7 Oscars

O filme “Entre Dois Amores” é uma evocação da complexidade do verdadeiro amor, uma tarefa colossal que demanda a habilidade de colocar os desejos pessoais de lado, confrontar normas societárias e renunciar a nossas próprias convicções em favor do que o parceiro considera essencial para a felicidade mútua. Este tipo de amor, em sua plenitude, se vê frequentemente confrontado por sonhos inatingíveis e expectativas frustradas de ambas as partes.

A premissa fundamental do filme é a de que o propósito de estar em uma união é compreender o vínculo irremovível que mantém os indivíduos juntos, criando espaço para reacender laços comuns e rejeitar noções infundadas de amor eterno e paixões românticas inapropriadas. Quando essa compreensão é alcançada, casais — e por que não, amantes? — têm uma chance infinitamente maior de encontrar a felicidade, mesmo que essa sensação seja passageira em meio ao turbilhão constante da vida.

“Entre Dois Amores” argumenta que uma existência sem experiência amorosa parece vazia. Mesmo quando o amor é uma ilusão, o que ocorre com frequência, é um elemento vital para o ser humano. Na confusão dos amores impossíveis, encontramos pedaços de sanidade, pois mesmo a dor de um amor não realizado pode trazer alguma alegria para aqueles que se aventuraram nessa magnífica fantasia.

Sydney Pollack (1934-2008), o diretor do filme, tinha uma habilidade única de explorar e celebrar o amor. Em seus 42 filmes, Pollack teceu narrativas em torno das complexidades amorosas de seus personagens, enfatizando a natureza absurda, ilógica e às vezes destrutiva do amor — um sentimento que define a humanidade.

A personagem central de “Entre Dois Amores” é Karen Blixen (1885-1962), uma dinamarquesa à frente de seu tempo que acreditava profundamente no amor. Em uma época em que as mulheres raramente manifestavam suas verdadeiras intenções, Blixen aparece como uma alma à deriva em busca de um porto seguro. O roteirista Kurt Luedtke realça a instabilidade emocional de Blixen, cujo coração está cheio de amor, mas que paradoxalmente consegue manter os pretendentes à distância.

O filme é baseado nas notas pessoais de Blixen, que foram usadas para criar “A Fazenda Africana” (1937) e “Sete Narrativas Góticas” (1934), onde ela questiona o moralismo hipócrita da elite de sua época. Ela nunca se submeteu à vontade dos homens e temia o julgamento daqueles que não a conheciam ou não se importavam em conhecê-la.

Neste filme, Meryl Streep oferece uma profundidade dramática incrível à personagem de Blixen, equilibrando a atuação esforçada de Robert Redford como Denys Finch Hatton, seu segundo amor na trama. Aspectos como a colonização britânica do Quênia e a representação sutil de Blixen como uma salvadora branca do povo que está a explorar são habilmente entrelaçados na narrativa. Esses elementos, entretanto, não obscurecem a história central de amor e desespero.

“Entre Dois Amores” é uma dramática narrativa de amor, desespero e paixão. Meryl Streep, com sua atuação notável, ilumina a personalidade complexa e atraente de Blixen. Ao seu lado, Robert Redford, apesar de sua atuação um pouco forçada, entrega uma representação convincente de Denys Finch Hatton, tornando a história de amor ainda mais cativante.

Em última análise, o filme apresenta uma história de amor profundamente humana e emocionalmente complexa, tendo como pano de fundo a colonização britânica do Quênia e a posição controversa de Blixen como uma salvadora branca. Essas subtramas são habilmente tecidas na história principal sem desviar o foco do amor e desespero que definem o arco central da narrativa.

Dirigido por Sydney Pollack e lançado em 1985, “Entre Dois Amores” é um estudo inesquecível sobre a natureza do amor e a complexidade das relações humanas. Ele permanece como um dos dramas românticos mais memoráveis na história do cinema.


Filme: Entre Dois Amores
Diretor: Sydney Pollack
Ano: 1985
Gêneros: Romance/Drama
Avaliação: 9/10