Suspense psicológico acaba de estrear na Netflix vai te deixar obcecado e te causar calafrios por 119 minutos Divulgação / Netflix

Suspense psicológico acaba de estrear na Netflix vai te deixar obcecado e te causar calafrios por 119 minutos

“Tin & Tina” é um suspense espanhol dirigido e escrito por Rubin Stein e se passa no ano de 1981. O enredo conta a história de Lola (Milena Smit) e Adolfo (Jamie Lorente), um casal apaixonado que se casa e, logo um tempo depois, espera seu primeiro filho. Mas o sonho da vida perfeita se torna um pesadelo, quando Lola tem um aborto espontâneo e é informada no hospital de que os danos internos são graves e irreversíveis e de que não poderá mais ter um bebê.

Depressiva e solitária, Lola passa seus dias perambulando pela casa como um fantasma. Adolfo a convence de ir até um convento adotar uma criança. Ele acredita que com um filho, Lola finalmente se sentirá completa. No orfanato, onde as crianças são ensinadas a bíblia da forma mais literal e obsessiva possível, eles encontram os gêmeos albinos Tin e Tina, que se destacam pela consistência religiosa e o talento musical. Eles chamam atenção de Lola, que deseja levá-los para casa e protegê-los como seus filhos.

Mas a rotina diária do casal precisa mudar drasticamente por conta do fanatismo das crianças em relação à religião. Tin e Tina querem orar a cada refeição, colocar crucifixos sobre as portas, fazer brincadeiras sobre anjos e punir as pessoas que eles julgam ter cometido pecados. Aos poucos, os hábitos que pareciam apenas exageros se tornam ações com consequências drásticas. Lola está cada vez mais assustada com o comportamento violento das crianças justificado pela bíblia. Enquanto isso, Adolfo passa a maior parte do tempo viajando a trabalho e acha que tudo não passa de um equívoco de Lola, e que Tin e Tina são ingênuos demais para compreender o peso de suas atitudes.

Até que em um Natal, Lola desmaia. Para a surpresa de todos, ela está grávida. Agora, com um bebê a caminho, ela teme que o fanatismo de seus filhos adotivos possa machucar ela e o bebê que carrega na barriga. Conforme as crianças levam a religião a sério demais, Lola fica paranoica e neurótica com o que pode acontecer.

“Tin & Tina” foi baseado no curta-metragem de Stein, realizado em 2013. Na época, o filme passou por mais de 200 festivais de cinema e, segundo o diretor, havia um desejo dos espectadores de passar mais tempo naquela história e conhecer mais sobre os personagens. Por isso, de lá para cá, ele acabou por desenvolver um longa-metragem da história.

O enredo brinca com os paradoxos de Tin e Tina, porque seus cabelos e peles alvas vêm como representação de sua infância etérea, celestial, sagrada e, até mesmo, pura. Ao mesmo tempo, há uma linha muito tênue entre sua inocência e a crueldade indomável, que cruza os limites do absurdo e interpreta a bíblia de forma a levá-los a fazer coisas ruins, embora suas intenções pareçam boas.

O fogo aparece em situações marcantes da vida de Lola. Ela conta que perdeu uma das pernas quando ainda era criança, quando sua casa pegou fogo, matando seu pai e sua mãe. Ela, porém, conseguiu se salvar. Em uma cena, após mais uma atitude inconsequente e guiada pelo fanatismo religioso dos gêmeos, Adolfo decide queimar sua bíblia. No final do filme, sua casa também é incendiada após ser atingida por um raio. Na religião, o fogo é sinônimo de purificação, queimando as coisas ruins e tornando o corpo puro, algo que Tin e Tina sempre batem na tecla. Ainda, o raio e o trovão são descritos pelas crianças, que aprenderam com a freira do convento, como a ira de Deus.

Como um filme interativo, que comunica com o público, “Tin & Tina” deixa um final aberto para interpretações. Afinal, as crianças são genuinamente inocentes e não têm compreensão real de como as coisas realmente funcionam ou estão por trás de todos os acontecimentos macabros, sempre maquinando o mal? Para tirar suas conclusões, é preciso assistir.


Filme: Tin & Tina
Direção: Rubin Stein
Ano: 2023
Gênero: Terror/Suspense/Drama
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.