Na farmácia

Na farmácia

Entrei na farmácia para comprar um monte de remédios, para baixar o colesterol, para diminuir a glicose e tudo o mais que estava em alta em meu organismo. Quando estava na fila do caixa, olhei para baixo do balcão e dei de cara com uma seleção de guloseimas que a farmácia oferece para uma compra de última hora. Meus olhos logo foram atraídos por um Sneecker, aquele chocolate com caramelo que eu adoro. Ele olhava para mim e parecia me dizer:

— Oi, lembra de mim? Há quanto tempo!

É claro que eu lembrava, afinal ele foi um dos responsáveis pela minha ida a farmácia, não para comprá-lo, mas justamente para me reabastecer dos remédios que tenho que tomar para combater o que o consumo de maravilhas açucaradas como o Sneecker me proporcionou.
Com esforço consegui afastar os olhos do chocolate desgraçado e bati direto em um M&M de amendoim que parecia implorar para mim:

— Oi, sumido! Me compra! Me compra!

Já estava abaixando a mão na direção da guloseima quando a fila andou e me posicionou em frente a um Toblerone, que me sussurrava:

— Leva eu! Sou gostoso pra caramba! E posso ser todo seu!

Eu fingi que não escutei, olhei para o teto, respirei fundo, contei até cinquenta e com muita dificuldade consegui desviar os olhos daquele maravilhoso chocolate suíço que estava ali me dando o maior mole. Graças a Deus, a fila andou de novo e chegou a minha vez. Tratei de pagar rapidamente pelas minhas compras apenas de remédios, antes que a minha mão ansiosa pegasse um chocolate qualquer no balcão de perdições. Então, tratei de me mandar da farmácia!

Desta vez eu resisti, mas eu não tenho essa força de vontade toda. Na próxima vez, eu não sei não!