5 obras-primas na Netflix que mostram que a guerra é um câncer enraizado no coração do homem Karen Ballard / Netflix

5 obras-primas na Netflix que mostram que a guerra é um câncer enraizado no coração do homem

A história do homem é a história de suas guerras. A humanidade só subiu tão alto na escala evolutiva graças à capacidade de partilhar informação a respeito dos assuntos mais comezinhos, como o melhor lugar da floresta para se caçar ou que alimentos poderíamos ou não ingerir sem correr o risco de morrermos envenenados, por exemplo. E essa hegemonia cognitiva sobre os outros animais não seria nada se não viesse acompanhada do aperfeiçoamento da força física. Para tanto, o homem teve de se impor. Primeiro, subjugou os bichos que considerou mansos, e os fez trabalhar para si. Depois, a fim de ser capaz de vencer feras mais corpulentas e ferozes do que ele múltiplas vezes, desenvolveu ferramentas como tações, lanças e fundas e, assim, ampliou seus territórios. O próximo passo foi dominar o fogo, criar a pólvora e a sorte do gênero humano estava dada: a guerra. Queira-se ou não, foi por meio de conflitos armados que conseguimos tudo o que temos. Declarar-se guerra contra quem quer que seja nunca é uma decisão fácil, mas é, muitas vezes, a única decisão a se tomar, a fim de se evitar a desonra, que, conforme ensina Winston Churchill (1874-1965), primeiro-ministro do Reino Unido quando da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), se encarniça de um povo que não encampa as causas pelas quais se deve combater. Temos que admitir: a guerra fascina, e esse é o problema. Em muitas ocasiões, foi por meio da guerra que a humanidade conheceu seus grandes heróis, homens e mulheres que se tornaram personalidades graças a um desempenho de coragem memorável ao longo de uma série de enfrentamentos entre exércitos. Contudo, parece que o homem se viciou no cheiro de pólvora queimada e no ruído do aço dos canhões ainda estalando e prefere abdicar da diplomacia e resolver suas diferenças valendo-se da força quando uma boa conversa trataria de evitar um banho de sangue que, não raro, começa por causa de um prosaico mal-entendido. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), fundada na esteira do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, para mediar conflitos armados e ajudar em possíveis negociações de paz, há trinta zonas de guerra no mundo hoje, na maioria dos casos disputas de território provocadas por desavenças religiosas, tentativas de subjugação de uma etnia sobre outra ou a afirmação da soberania acerca de recursos naturais. A política também dá o tom da guerra ao fomentar diferenças quanto ao entendimento da constituição própria de um povo. Movimentos separatistas no Canadá, na Catalunha e na Irlanda do Norte se arrastam até hoje, deixando um rastro de violência, atraso e empobrecimento econômico em alguma medida. A ONU bem que tenta, mas o fardo é penoso, mesmo para ela. A guerra é, em muitas ocasiões, o último — e único — recurso, mas cobra seu preço. O cinema entendeu isso desde sempre e continua a produzir filmes que demonstram que a humanidade não escapa impune a enfrentamentos que custam tantas vidas. Em “O Fotógrafo de Mauthausen” (2018), da diretora Mar Targarona, um prisioneiro de Adolf Hitler (1889-1945) é incumbido por um oficial nazista de registrar o cotidiano do campo de concentração em que está encarcerado, tarefa que desempenha com afinco — e que vai acabar por mudar os rumos da história; no caso de “Dunkirk” (2017), verdadeiro épico de Christopher Nolan sobre o resgate de mais de 300 mil soldados das tropas aliadas, encurralados pelo facínora alemão na costa francesa, se demandou, além de um conhecimento teórico a respeito desse episódio da Segunda Guerra, a solução de questões bastante práticas, como o deslocamento, alimentação e hospedagem para uma legião de figurantes. Os títulos, todos na Netflix, estão elencados do mais recente para o mais antigo e não seguem critérios de avaliação. Descansar armas, tropa!

Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix