4 filmes que acabaram de chegar à Netflix e que você realmente precisa assistir Divulgação / Touchstone Pictures

4 filmes que acabaram de chegar à Netflix e que você realmente precisa assistir

O tempo de um filme não é só o que dura na tela. Às vezes ele continua agindo depois, de forma quase imperceptível. Uma frase que volta, uma cena que incomoda, uma sensação estranha de que algo ali estava tentando dizer mais do que parecia. Nem sempre é fácil saber o que provoca esse efeito — se é o roteiro, a direção contida, o ator no momento certo, ou talvez o silêncio entre duas falas. Mas quando acontece, percebe-se. E a Netflix, entre altos e baixos previsíveis, às vezes entrega exatamente isso: obras que, mesmo discretas, permanecem. É o caso de quatro filmes que entraram recentemente no catálogo e não deveriam passar despercebidos. Não por serem grandes eventos cinematográficos — nenhum deles é. Mas por se esquivarem da pressa, dos clichês fáceis e da vontade de agradar a qualquer custo. São filmes com tempo próprio, que não parecem implorar atenção, mas merecem. Não necessariamente otimistas, nem propriamente duros. Apenas honestos em seu modo de ver o mundo. Há, por exemplo, uma história que trata da persistência em meio ao esvaziamento institucional, outra que retorna à figura do mestre como alguém que planta dúvidas, e não certezas. Uma terceira que fala de família sem sentimentalismo e uma última em que o heroísmo se confunde com obstinação silenciosa. Nenhuma dessas narrativas tenta resolver o que é irresolvível — e talvez por isso digam mais do que aquelas que vêm embaladas com conclusões. Num tempo em que o consumo se impõe até sobre o afeto, ver um filme que exige presença sem prometer recompensa instantânea pode parecer exaustivo. Mas também pode ser exatamente o que faltava. Porque o cinema, quando encontra a frequência certa, não precisa gritar. Basta sugerir. E esses quatro, de formas bem distintas, fazem isso: sugerem. Não são novidades que explodem no algoritmo, nem títulos que viralizam por acidente. São obras com miolo. Com voz. Com uma espécie de modéstia firme que, em tempos tão saturados de pose, parece quase revolucionária. Talvez não sejam filmes para todo mundo. Mas, se forem para você, vão ficar. E às vezes, só isso já vale.