5 filmes que chegaram à Netflix nos últimos dias e valem cada minuto do seu fim de semana em casa Divulgação / Twentieth Century Fox

5 filmes que chegaram à Netflix nos últimos dias e valem cada minuto do seu fim de semana em casa

O medo é um sentir tão velho quanto o homem. Diante dos inúmeros perigos que a humanidade enfrenta desde sempre, é ele quem nos alerta quando alguma coisa parece fora de lugar, impedindo-nos de cair nos abismos para além do nosso parco conhecimento. Todavia, há ocasiões em que o medo cresce de tal forma que ramifica-se em emoções malfazejas, capazes de envenenar as intenções mais puras; nesse momento, dá-se a paranoia, um estado psíquico no qual a ameaça não precisa mais estar presente para que o terror ganhe corpo. Entre esses dois polos, levanta-se a coragem, não como ausência de pânico, mas a capacidade de dominá-lo. O medo nunca foi um vilão em si. Na verdade, essa impressão muitas vezes hipertrofiada de uma realidade desfavorável ofereceu sua grande contribuição para que evoluíssemos como espécie. Sem temer o predador, seres humanos dificilmente teríamos chegado até aqui. O medo é um aliado, um conselheiro prudente, que nas circunstâncias ideais diz apenas: “Vá, com toda a cautela, mas vá”.

A paranoia aparece não da realidade concreta, mas de projeções, entendimentos tortos e uma legião de espectros que não conseguimos exorcizar. O paranoico vê inimigos por toda parte, intrigas onde há somente coincidências, olhares maliciosos no lugar de descontração. Cada gesto alheio, por mais insignificante que seja, é um potencial ataque, que exige uma contraofensiva imediata. Viver assim é um eterno subir e descer de Sísifo na montanha, sem descanso. O paranoico constrói seu universo particular, impenetrável, cheio das armadilhas que só ele vê, e essa percepção enviesada da vida como ela é mina qualquer chance de relacionamentos sadios e longevos. Frente ao império da antilógica, a coragem é a solução. Não se trata de heroísmo, mas de vencer os desafios que se nos impõem no decorrer da jornada, recusar a fuga, acolher o novo. A coragem tem o condão de transformar o medo em lições, e as lições em epifania. Corajosos são antes de mais nada aqueles que ousam contrariar a maioria e ir pelo caminho mais estreito. 

O discurso do medo atravessou o século 20 e acompanha-nos, tachando o outro, o diferente, como um rival a ser suprimido. O cinema vasculha o atormentado espírito do homem, como se assiste nas sete produções desta lista, de personagens da ficção e da vida como ela é que enfrentam temores reais ou imaginários em nome do que acreditam. Narrativas como essas prestam-se a inspirar o público a não desistir de seus sonhos, malgrado o preço seja a incompreensão e o desprezo, prenúncio da eterna glória.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.