5 livros que provam que Cormac McCarthy é o maior escritor dos últimos 50 anos

5 livros que provam que Cormac McCarthy é o maior escritor dos últimos 50 anos

Há escritores que tocam a página como quem sopra vidro. Outros escrevem como quem arranha pedra com as unhas. Cormac McCarthy nunca buscou conforto. Suas frases são duras, enxutas, quase fossilizadas. Mas há vida nelas. E dor. E um tipo estranho de beleza que arde em silêncio.

Ele não escrevia para explicar o mundo. Escrevia porque o mundo já estava em ruínas. E alguém precisava registrar. Em suas narrativas, a violência não é um espetáculo. É o ambiente. O clima. A respiração dos personagens. Homens que não pedem desculpas. Mulheres que mal têm tempo para existir. Crianças que aprendem cedo demais que a inocência não dura mais que uma manhã seca.

O que assombra, porém, não é o sangue. É o que vem antes e o que sobra depois. O intervalo. A pausa. O silêncio. McCarthy entendia que a palavra tem um peso, mas o silêncio tem um peso maior. Ele deixava espaço. Para que o leitor sentisse. Para que o vazio ecoasse mais alto do que qualquer adjetivo. Seus livros são mapas do que se perdeu. Do que não volta. Do que talvez nunca tenha existido de fato.

Há algo de antigo em sua prosa. Como se viesse de uma era anterior à esperança. Ou posterior ao colapso. Mesmo assim, há gestos de ternura. Um homem protegendo o filho. Um garoto tentando salvar um cavalo. Um velho que ainda busca sentido onde só restam cinzas. Pequenas luzes dentro da noite. Quase apagadas, mas ainda acesas.

Escolher cinco livros que o definam é tentar conter uma voz que sempre foi maior do que o gênero, maior do que o tempo. Mas há momentos em que essa voz tocou algo absoluto. Algo que a literatura americana não conseguiu ignorar. E talvez nunca supere. Porque McCarthy não escrevia para agradar. Escrevia para dizer. Com a dureza da pedra. E a honestidade de quem já viu o mundo inteiro se desfazer.