Nietzsche continua sendo um dos filósofos mais influentes, 125 anos depois de sua morte. Suas obras, embora complexas, se mantêm sendo estudadas e apreciadas, consumidas e examinadas ao longo do tempo, e se tornam cada vez mais relevantes, conforme o mundo caminha cada vez mais para as consequências do capitalismo, do imperialismo, da globalização e do consumismo. Nesta lista, encontramos cinco filmes perfeitos, que foram inspirados pela filosofia de Nietzsche, e tecem críticas altamente requintadas ao humano e à nossa condição hoje na Terra. Seja a transvaloração de valores, o niilismo ativo, o niilismo estético, o eterno retorno do sofrimento ou o Übermensch.
Nietzsche não oferece respostas em suas reflexões, mas faz questionamentos que nos fazem encarar o abismo interior. Pensar nos dilemas levantados pelo filósofo é fundamental para a autocrítica e a crítica ao mundo. É um eco desconfortável que precisamos enfrentar em meio às ruínas do mundo contemporâneo. Assistir a um filme inspirado na filosofia de Nietzsche pode ser tão perturbador quanto ler uma de suas obras. Suas ideias e pensamentos abrem um buraco no chão, nos fazem enxergar o quanto estamos esvaziados, por mais que o consumismo tenha multiplicado as possibilidades e os avanços tecnológicos tenham sido capazes de facilitar a rotina e o trabalho — mas não de tornar o mundo um lugar melhor e mais habitável. Nietzsche não nos engana. Pelo contrário, nos mostra que estamos à beira do colapso moral — e essas obras refletem bem suas ideias.

Na fictícia República de Zubrowka, entre guerras e regimes em mutação, o lendário concierge Gustave H. comanda o elegante Grande Hotel Budapeste com precisão obsessiva e modos refinados. Entre os hóspedes ilustres e os funcionários fiéis, Gustave cultiva relações particulares, incluindo um caso com uma idosa milionária que, ao morrer, o nomeia herdeiro de um valioso quadro renascentista. Acusado injustamente de assassinato, Gustave foge com a ajuda de Zero, seu leal mensageiro. A dupla embarca em uma fuga rocambolesca por trilhos, montanhas e fronteiras, perseguida por herdeiros hostis e forças totalitárias. A história é narrada em múltiplas camadas temporais por um velho escritor que ouviu tudo do próprio Zero, agora idoso, que relembra uma época perdida — quando o mundo ainda parecia guiado por alguma elegância.

Em um futuro próximo, Theodore, um homem solitário que trabalha escrevendo cartas pessoais para outras pessoas, atravessa um processo de luto após o fim de um longo casamento. Em meio à sua solidão, ele adquire um novo sistema operacional dotado de inteligência artificial, projetado para atender emocionalmente ao usuário. A IA se apresenta como Samantha, uma voz feminina sensível, curiosa e evolutiva. À medida que passam mais tempo juntos, Theodore se vê envolvido emocionalmente com Samantha, dando início a uma relação amorosa inesperada. A conexão entre os dois se aprofunda, levantando questões sobre a natureza do amor, da consciência e da intimidade. Enquanto Samantha se expande intelectualmente em velocidades inatingíveis por humanos, Theodore é confrontado com os limites do seu afeto e com a impermanência de todas as coisas.

Em meio aos preparativos para um luxuoso casamento em uma mansão isolada, Justine parece cada vez mais incapaz de participar das convenções sociais à sua volta. Sua apatia crescente contrasta com a rigidez de sua irmã Claire, que tenta manter o controle da cerimônia e da família. Paralelamente, o planeta Melancolia, antes escondido atrás do Sol, se aproxima da Terra. Enquanto cientistas asseguram que não haverá colisão, a tensão aumenta à medida que o corpo celeste se torna visível a olho nu. Justine, estranhamente serena, passa a encarar o possível fim do mundo com calma e resignação, enquanto Claire se consome em desespero. Dividido em dois capítulos, o filme acompanha essas irmãs diante de um cataclismo iminente, revelando diferentes maneiras de encarar o colapso — externo e interno.

Com o apoio do promotor Harvey Dent e do comissário Gordon, Batman consegue reduzir o crime em Gotham City a níveis inéditos. Mas a aparente ordem é abalada quando surge o Coringa, um criminoso anárquico e imprevisível que busca instaurar o caos absoluto. Diferente dos vilões anteriores, ele não quer dinheiro nem poder: quer provar que qualquer um, diante do desespero, pode abandonar os princípios morais. À medida que suas ações se tornam mais ousadas e violentas, Batman se vê obrigado a tomar decisões extremas, questionando os próprios limites e o preço de ser um herói. Dent, por sua vez, mergulha em sua própria tragédia pessoal e é consumido pela sede de vingança. Em meio à desordem, Gotham enfrenta não apenas o crime, mas o dilema de até onde vale a pena defender a ordem.

Um homem sem nome, insone crônico e preso a uma vida sem sentido, encontra alívio ao frequentar grupos de apoio a doenças que ele não tem. Sua rotina muda quando conhece Tyler Durden, um vendedor carismático que vive à margem das regras sociais. Juntos, eles fundam um clube clandestino onde homens frustrados descontam sua raiva em lutas brutais. Com o tempo, o clube se transforma em um movimento subversivo chamado Projeto Mayhem, que busca implodir os pilares do sistema capitalista. À medida que o narrador perde o controle da organização — e de sua própria mente — ele descobre que Tyler não é quem parecia ser. A narrativa, fragmentada e instável, revela o colapso da identidade do protagonista, preso entre a apatia moderna e a violência como forma de despertar.