10 filmes na Netflix que juntos ganharam 49 Oscars Alison Rosa / Fox Searchlight

10 filmes na Netflix que juntos ganharam 49 Oscars

Há um tipo de grandeza que não se dissolve com o tempo. Ela apenas muda de lugar. Nos arquivos da memória, nos ruídos das trilhas sonoras, na curva de um plano que reaparece, por acaso, quando zapeamos sem querer. Certos filmes, mesmo os mais premiados, não se impõem pela cifra. Eles nos alcançam por um detalhe que já conhecemos, mas não sabemos nomear: uma fala dita em sussurro, uma expressão interrompida, o tom de luz que não se repete. E, mesmo assim, quando descobrimos que aquele gesto despretensioso está agora ao alcance de um clique, como se a glória coubesse em um catálogo, algo nos inquieta. É o caso desses dez filmes, espalhados entre gêneros, décadas e diretores, mas unidos por uma coincidência pouco casual: juntos, somam 49 estatuetas do Oscar e estão, todos, disponíveis na Netflix.

Não se trata de uma lista ilustrativa, tampouco de um desfile de superproduções previsíveis. Há ali clássicos consagrados por gerações, como “Tubarão” e “E.T.”, alegorias refinadas como “Birdman”, e fábulas devastadoras como “A Vida é Bela” ou “Nada de Novo no Front”. Há também filmes que ganharam mais do que prêmios: ganharam o direito de permanecer. “Forrest Gump” não apenas venceu seis Oscars, ele instaurou um modo de contar que contaminou parte do cinema americano por anos. “Gladiador” redefiniu o épico no início dos anos 2000. “Chicago” devolveu o musical ao centro. E “Oppenheimer”, tão recente, carrega o peso de uma biografia atômica que só funciona porque Nolan, ao seu modo, desacelerou. Há um motivo para tudo isso estar no mesmo serviço de streaming, mas talvez o mais interessante seja a ideia de que a história do cinema, ou pelo menos parte dela, pode ser atravessada por dentro da sala de casa. Sem aviso, sem anúncio, sem crítica de rodapé. Só resta saber o que fazer com esse privilégio: passar batido ou, quem sabe, voltar a sentir algo diante de um filme que parecia antigo demais para comover de novo. Porque quando eles acertam, e esses aqui acertaram, sempre é tempo de ver pela primeira vez.