4 filmes na Netflix que vão fazer você querer ficar em casa só para assistir Divulgação / Universal Pictures

4 filmes na Netflix que vão fazer você querer ficar em casa só para assistir

Alguns dias pedem silêncio. Não por falta de barulho, mas porque há um certo tipo de som, aquele que só se escuta quando tudo o mais para, que às vezes precisa ser ouvido. É quando o corpo não quer sair, a rua parece distante demais, e o sofá, ainda que torto, oferece alguma espécie de abrigo. Nessas horas, a tela não é exatamente uma fuga: é mais como um espelho ligeiramente distorcido, capaz de devolver um pedaço daquilo que está suspenso no ar, sem forma clara. É nesse espírito que certos filmes se insinuam, não com promessas, mas com o peso discreto de quem sabe que vai ficar.

“Manchester à Beira-Mar” é um desses. Difícil, árido, quase seco, mas com uma dor que pulsa mesmo quando ninguém diz nada. Há algo incômodo ali, no jeito como o tempo se recusa a curar certas fraturas. Já “Entre Facas e Segredos” faz o movimento oposto: toma um tema familiar, a morte, a família, a herança, e o vira do avesso, com inteligência que diverte sem fazer concessões. “Oppenheimer”, por sua vez, não é um filme fácil de se carregar depois que as luzes se apagam. Há uma ambiguidade latejante naquela figura que criou o fim e, de certo modo, não soube o que fazer com ele. É um retrato denso do que significa criar algo maior do que si. E então vem “Uma Mente Brilhante”, com sua ternura desequilibrada e uma espécie de fé silenciosa no poder de continuar. Não há heroísmo ali, só uma tentativa persistente de permanecer inteiro quando o mundo já não parece confiável.

Nenhum desses filmes tem pressa. Nenhum deles cabe numa noite distraída. São obras que talvez exijam menos do que parecem, mas entregam mais do que prometem. Ficam, de certo modo. E fazem com que o ato banal de ficar em casa pareça, por um instante, uma escolha carregada de sentido. Às vezes, tudo o que se precisa é sentar, escurecer a sala, e deixar que outra história, não a nossa, mas parecida o bastante, nos alcance devagar. É nesse intervalo que algo muda. Ou começa a mudar.