Os 4 filmes mais subestimados da Netflix (e talvez por isso você nunca tenha assistido) Divulgação / Netflix

Os 4 filmes mais subestimados da Netflix (e talvez por isso você nunca tenha assistido)

Não dá para culpar ninguém. O catálogo cresce, os lançamentos pulam na tela com banners ruidosos, os algoritmos apertam nossos gostos num funil cada vez mais estreito. É fácil se perder. Mais ainda é passar direto. Porque existem filmes que não gritam. Não brilham no thumbnail, não estampam capas editoriais, não rendem dancinha ou debate inflamado. Existem filmes que apenas… estão lá. Quietos. À margem da histeria, como se soubessem que não foram feitos para agradar todo mundo. E, talvez por isso, escapem. “Calibre”, por exemplo, é seco e brutal. Dois amigos, uma floresta, um erro que não tem volta. “Cargo” usa a estrutura do apocalipse zumbi para fazer outra coisa, mais íntima, mais lenta, quase melancólica. “Cam” começa onde tantos thrillers terminariam e segue por um espelho turvo sobre identidade, desejo e controle. E “Céu Vermelho-Sangue” mistura terror e luto num avião, mas sem pressa de resolver a equação.

São filmes assim. Que incomodam um pouco. Ou não exatamente incomodam, mas deslocam. Não entregam o que se espera. Ou fazem isso tarde demais, quando já é impossível recuar. E talvez seja esse o ponto. Em uma plataforma onde tudo precisa dizer a que veio no primeiro minuto, a existência de filmes que se permitem hesitar já é, por si, uma forma de resistência. Há algo de desleal em chamar esses títulos de subestimados. Porque muitos nem chegaram a ser avaliados. Foram engolidos por um sistema que prioriza a recorrência, não a estranheza. E tudo bem. O cinema, como os livros ou as pessoas, também carrega seus esquecidos. Mas, de tempos em tempos, vale voltar e procurar pelo que não saltou aos olhos. Por aquilo que, no silêncio, permaneceu disponível. É quase reconfortante saber que, mesmo na era do excesso de oferta, ainda há espaço para o não óbvio. Filmes que não seguem o molde, que não se encaixam em coleções temáticas, que não viralizam. Filmes que preferem existir como desvios. Como ruídos laterais. Talvez não mudem sua vida. Mas mudam o ritmo com que se assiste. E, nesse gesto menor, já é muita coisa.