Romance 18+ no Prime Video que você desconhecia até agora Divulgação / Gaumont

Romance 18+ no Prime Video que você desconhecia até agora

A linha entre o amor e o desejo é tênue. Às vezes, nos enganamos quanto aos próprios sentimentos. Amadurecer nem sempre significa saber identificar completamente nossas emoções, embora a tarefa de administrá-las fique um pouco mais simples. Em “As Mães Proibidas”, romance australiano de Anne Fontaine, os clichês do gênero são revertidos para nos apresentar duas paixões tórridas e incomuns. Naomi Watts e Robin Wright interpretam Lil e Roz, respectivamente, duas amigas de longa data que veem seus filhos, Ian (Xavier Samuel) e Tom (James Frecheville), nascerem, crescerem e se tornarem homens. Lil torna-se viúva, enquanto o casamento de Roz fracassa quando o marido, Harold (Ben Mendelsohn), planeja sua vida profissional sem consultar a família. Ele se muda para Sydney, mas Roz se recusa a mudar de cidade, apegando-se às suas raízes, ao trabalho em uma galeria de arte e à amizade com Lil. O casamento deixa de ser prioridade.

Com a ausência de Harold, não fica o vazio. Pelo contrário, o espaço passa a ser ocupado rapidamente por uma paixão súbita e surpreendente. Durante muito tempo, Ian, filho de Lil, alimentou sentimentos pela amiga da mãe. Agora, vê o espaço perfeito para demonstrar o desejo reprimido. Roz corresponde. Mas a relação não se mantém em segredo por muito tempo. Quando Tom percebe que a mãe vive um romance tórrido com seu amigo de infância, decide, como uma espécie de vingança, seduzir Lil. Quando ambas se dão conta da situação, decidem conversar e encerrar a história. Mas nem sempre os sentimentos escutam a razão. Então, o hiato não dura muito tempo. O que era apenas sexo para Tom e Lil logo também se torna sentimento. Mas é preciso enfrentar a realidade: os rapazes são jovens e inquietos. Novas paixões provavelmente surgirão na vida deles, e Lil e Roz ficarão para trás.

Fontaine não se preocupa em mostrar como o mundo reage a essa relação incomum. Vizinhos e a comunidade daquela pequena cidade costeira parecem não penetrar neste pequeno universo formado pelas duas amigas e seus filhos. Embora as mães demonstrem sentir um pouco de culpa e até medo pela sua reputação, o filme nunca explora desconfianças e burburinhos que possivelmente tenham rondado a relação. A única dinâmica explorada aqui é essa aliança entre as mulheres e seus filhos. As relações soam, inicialmente, como um experimento social, desenvolvendo-se para uma espécie de pacto entre Roz e Lil. “Se vocês pararem, nós paramos” é, mais ou menos, o acordo entre os casais. Embora intencionalmente casual, o sexo acaba se transformando em algo que realmente prende os casais da trama, persistindo através dos anos e de suas relações com outras pessoas. Mas quem parece mais preso aqui, torturado inclusive, é Ian, que sofre por não poder assumir de uma vez o romance.

O longa-metragem é um estudo de personagens, de relações amorosas e de amizades, de como nos prendemos às convenções sociais e de como deixamos que regras convenientemente criadas externamente a nós ditem o rumo das nossas vidas. Entre o quarteto, há uma certa liberdade para se amar sem dever satisfações.

Filme: As Mães Proibidas
Diretor: Anne Fontaine
Ano: 2013
Gênero: Drama/Erótico/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.