6 livros que pareciam enterrados, mas ressuscitaram este ano

6 livros que pareciam enterrados, mas ressuscitaram este ano

Alguns livros adormecem como pessoas; fecham os olhos devagar, viram para o lado, acomodam-se num canto discreto e somem silenciosamente, sem se despedir. Não há ruído, nem aviso prévio. Um dia estão entre nós, presentes, vivos na conversa cotidiana, e então, subitamente, já não estão. Desaparecem da memória coletiva, escorrem das prateleiras das livrarias, recolhem-se às profundezas dos sebos empoeirados, quase invisíveis sob camadas gentis de esquecimento. Mas, assim como acontece com as pessoas, às vezes eles voltam. E quando voltam, trazem consigo um espanto suave, um espanto manso, desses que fazem a gente se perguntar como pudemos esquecê-los.

Essa ressurreição literária nunca acontece por acaso. Quase sempre há uma centelha, um acontecimento mínimo e quase desimportante que acende de novo a chama delicada dessas obras. Pode ser uma adaptação cinematográfica inesperada, um centenário discreto do nascimento do autor ou simplesmente uma reedição despretensiosa que alguém decidiu lançar sem muita expectativa. Mas a verdade é que, de repente, essas histórias recuperam sua relevância, como se houvessem guardado, enquanto dormiam, uma energia latente, algo que esperava pacientemente a hora exata de ressurgir. É nesse momento que percebemos que nenhuma obra, quando realmente importante, morre de vez. Ao contrário, ela permanece num sono provisório, guardada por uma espécie de memória subterrânea, esperando o instante certo de retornar ao nosso convívio.

Talvez, de algum modo, a literatura se pareça com aquilo que amamos muito: tende a voltar. Volta porque, de certo modo, nunca partiu inteiramente. Continua lá, nos detalhes escondidos, naquelas frases que se recitam em silêncio, nas páginas marcadas por dedos inquietos, ou em alguma conversa casual de bar onde alguém, distraído, pergunta se você lembra daquela história antiga. E você lembra. Mesmo que há muito não pensasse nela, percebe que ainda está lá, viva, pulsando baixinho no fundo da memória. Os livros que renascem têm esse encanto singular, essa capacidade de parecerem novos mesmo sendo antigos, de soarem familiares mesmo depois de muito tempo esquecidos. São narrativas que acordam de um sono temporário com a suavidade e o cuidado de quem não quer assustar. Reaparecem devagar, pedindo licença, quase se desculpando pelo longo silêncio, mas com a firme convicção de que agora é hora de reaprender o caminho até nossas mãos.