7 livros para quem perdeu alguém

7 livros para quem perdeu alguém

A perda de alguém que amamos é uma das experiências mais dolorosas do existir. O luto desencadeia uma série de reações, físicas e psicológicas, que podem deixar a pessoa enlutada sem norte e sem esperança. Em meio a tanto sofrimento, cada um busca formas de consolar-se e, quiçá, refazer-se, mirando um novo sentido para sua própria vida. A arte entra nesse torvelinho como uma possibilidade de elaborar a dor e o vazio, e a literatura em especial serve como um espaço no qual aquele que pranteia tem contato com emoções as mais profundamente reveladoras, porque apenas sugeridas. É o leitor quem encontra sua própria salvação, num mergulho bastante pessoal nos pensamentos e atitudes dos personagens, nas palavras do narrador e, o principal, no amálgama das imagens fantasiosas que constrói com o chão duro da realidade. Ao dar-se conta de que todo mundo tem seus dias de mártir, sente-se menos miserável e mais acolhido, alimentado pela certeza de um porvir generoso. 

A catarse materializada nas páginas de um livro desata o nó da incompreensão, exorciza os traumas do silêncio forçado, expulsa as lágrimas apodrecidas que represamos por medo e por vergonha. Ler sempre amplia nossa visão de mundo, em especial naqueles momentos de fraqueza quase invencível, que exigem-nos respostas que talvez jamais possamos dar. Acham-se nos livros expressões invulgares de culturas com as quais nunca cruzaríamos no plano da matéria, rituais místicos que podem mostrar-se de grande valia para quem crê e necessita de um qualquer alento, uma retórica assumidamente vesana, que muitas vezes não oferece alternativa, mas abraça com seu lirismo. Autores a exemplo do vietnamita Thich Nhat Hanh (1926-2022) destacam a importância de meditar para desenvolver a atenção plena e o amor-próprio, imprescindíveis para que se possa superar a morte. Monge budista, Hanh entra na nossa lista com “Sem Lama Não Há Lotus: A Arte de Transformar o Sofrimento” (2019), que se une a outros seis títulos com o propósito de aplacar a cólera taciturna da indesejada das gentes. Afinal, morrer pode ser apenas o princípio de uma nova jornada, também repleta de beleza e evolução.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.