5 livros que a Universidade de Oxford reconhece como tão marcantes que você vai querer reler mais de uma vez

5 livros que a Universidade de Oxford reconhece como tão marcantes que você vai querer reler mais de uma vez

Há livros que não terminam quando se fecha a última página. Permanecem como cheiros antigos em roupas esquecidas, como luzes acesas na casa de dentro. Não são necessariamente os mais longos, nem os mais densos — mas carregam uma espécie de gravidade emocional que dobra o tempo da leitura. E, de algum modo estranho, também o nosso. Esses livros não pedem releitura: eles a provocam. Porque há vozes que não se calam numa única escuta, há imagens que reverberam tarde demais para serem absorvidas de uma só vez. E há silêncios — talvez os mais importantes — que só se escutam quando se volta ao começo já sabendo do fim.

Na Universidade de Oxford, onde tradição e inquietude coexistem em prateleiras centenárias, alguns livros são lidos e relidos há gerações. Não como exercício acadêmico, mas como reconhecimento de que certas histórias operam transformações discretas, quase moleculares, no leitor. São obras que atravessam os séculos porque sabem atravessar pessoas. Porque não importam os diplomas ou as bibliotecas: há narrativas que tocam partes que nenhuma teoria alcança. É ali que elas se instalam.

A ideia de reler não surge da obrigação, mas da falta. Uma cena que retorna num pensamento distraído. Um personagem que insiste em reaparecer em outros rostos. Um trecho cuja dor não foi compreendida por completo na primeira vez. Quem sabe nem na segunda. Releitura, nesses casos, não é repetição — é aprofundamento. É aproximação. É uma tentativa, talvez vã, de chegar mais perto de algo que sabemos ser importante, mesmo sem conseguir nomear.

E então voltamos. Com mais idade, com menos certezas. E o livro está lá. O mesmo — e não. Porque também fomos modificados por ele. E porque, às vezes, só o tempo decanta o que foi dito com simplicidade devastadora. Oxford, com sua memória acumulada em pedra e papel, parece saber disso. Alguns textos são tão vivos que, ao relê-los, não reencontramos a obra — reencontramos uma versão anterior de nós mesmos.

Sim. Há livros assim. Poucos. Mas quando aparecem, não se lê para conhecer o enredo. Lê-se para sobreviver a ele. Ou, quem sabe, para revivê-lo com menos medo.

Carlos Willian Leite

Jornalista especializado em jornalismo cultural e enojornalismo, com foco na análise técnica de vinhos e na cobertura do mercado editorial e audiovisual, especialmente plataformas de streaming. É sócio da Eureka Comunicação, agência de gestão de crises e planejamento estratégico em redes sociais, e fundador da Bula Livros, dedicada à publicação de obras literárias contemporâneas e clássicas.