Godard

Godard: as respostas aos problemas do mundo estão fora do Google

Godard: as respostas aos problemas do mundo estão fora do Google

Numa das suas versões da peça “Woyzeck”, Georg Büchner colocou na boca de um dos personagens uma definição aguda de que é um homem ou uma mulher: “Toda criatura humana é um abismo, fica-se tonto quando se olha para dentro”. O que se passa na cabeça de uma pessoa causa vertigem, se assemelhando a um poço sem fundo. Nem em seu último ato o cineasta Jean-Luc Godard deixou de causar espanto ao comunicar, por meio de sua esposa, que apenas havia se cansado da vida aos 91 anos de idade.

O suicídio assistido de Godard é uma metáfora para a morte do Ocidente Foto / Denis Makarenko

O suicídio assistido de Godard é uma metáfora para a morte do Ocidente

A morte do cineasta Jean-Luc Godard, aos 91 anos, por suicídio assistido representa uma metáfora perfeita para o destino do Ocidente. Segundo familiares, “ele não estava doente, estava simplesmente exausto”. Quem poderia dizer que esse não foi um fechamento perfeito para sua vida e obra, quase que uma performance artística final, um manifesto estético e político final? Seu trabalho sempre questionou os padrões civilizacionais estabelecidos. Neste momento em que o Ocidente, e a França de modo particular, questiona cada vez mais seus valores, a opção de partida de Godard é sintomática.