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Romance de Alex Andrade se sustenta na construção de sua protagonista

Romance de Alex Andrade se sustenta na construção de sua protagonista

Entrecruzando testemunho e fluxo de consciência, narrativa dá voz a uma mulher de meia-idade que renunciou a própria vida para cuidar do pai senil, vivendo a uma rotina pálida e exaustiva que amortece com vícios e lembranças de um homem enigmático. Então, um evento inesperado muda radicalmente o rumo da história, abrindo passagem para um passado de violências que envolve drama familiar e relacionamento abusivo.

A obra-prima de García Márquez que ficou à sombra de Cem Anos de Solidão

A obra-prima de García Márquez que ficou à sombra de Cem Anos de Solidão

Se o “O Amor nos Tempos do Cólera” possui menos crédito do que “Cem Anos de Solidão”, é porque aprendemos a esperar do escritor colombiano histórias recheadas de coisas absurdas, como fizera naquela obra em que criara certamente mais dificuldades para seus leitores. A dupla latino-americano formada por Mário Vargas Llosa e Gabriel García Márquez anunciava-se ao mundo no final dos anos 1960, e o último exporia uma nova faceta do realismo mágico-fantástico iniciado por Alejo Carpentier e Jorge Luis Borges em décadas anteriores.

O livro agonizante e visceral de J. M. Coetzee

O livro agonizante e visceral de J. M. Coetzee

Entende-se perfeitamente por que J. M. Coetzee ganhou o Prêmio Nobel de literatura. Sua prosa é a mais límpida que se possa imaginar: frases curtas e precisas, vocabulário simples, discurso direto e gosto pelo verbo, com o frescor da conjugação no tempo presente. A consciência martela o tempo todo, mas a ação é constante como nos romances de aventura.

Os herdeiros selvagens de Ibsen

Os herdeiros selvagens de Ibsen

Nas voltas que o mundo dá, saíram recentemente no Brasil dois romances que beberam na fonte do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), um dos melhores escritores do mundo no século 19. O autor desenvolveu sua carreira às margens dos grandes centros europeus e fez a transição do clássico realismo para o modernismo, em peças como “O Pato Selvagem” (1884) — um drama até hoje inclassificável.

Peixe Estranho, novo romance de Leonardo Brasiliense, é monótono e sem consequência

Peixe Estranho, novo romance de Leonardo Brasiliense, é monótono e sem consequência

Frustrado com a mulheres, o protagonista do novo livro do autor gaúcho decide comprar uma boneca de silicone, com que inicia uma relação de confidência. O resgate de lembranças de dois casamentos falidos e de uma infância conturbada revela um homem inseguro e carente de afeto, refém de uma solidão em meio ao mundo no qual a tecnologia derrubou todas as barreiras de comunicação. Porém, ao invés de se aprofundar nos temas sugeridos, a trama se atém a episódios aleatórios e assuntos abandonados pelo caminho, desperdiçando a oportunidade de ser instigante pela estranheza ou pelo humor.