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O desejo é um cão dos diabos

O desejo é um cão dos diabos

Na Vara da Família, esperava-se silêncio solene, mas o que se ouvia era o barulho de um juiz em apuros sentimentais. Entre perucas andróginas, escapadas nas docas e um assessor fiel demais, a vida de Sua Excelência parecia mais comédia de bastidores do que drama de tribunal. Havia whisky sobre a mesa, culpa nos olhos e chantagem no ar. A cada revelação, menos toga e mais farsa, como se a moral e os bons costumes fossem apenas figurino mal costurado.

A poeta trágica argentina que redefiniu a literatura latino-americana morreu de overdose aos 36

A poeta trágica argentina que redefiniu a literatura latino-americana morreu de overdose aos 36

Filha de imigrantes judeus ucranianos, Alejandra Pizarnik nasceu em Avellaneda, cresceu entre asma, gagueira e o rumor de perdas familiares. Adolescente, encontrou na leitura uma casa; adulta, forjou voz própria entre Buenos Aires e Paris, traduzindo, estudando, vivendo com dinheiro curto e noites compridas. Recebeu bolsas prestigiosas, mas a precariedade persistiu. Relações intensas, dependência de medicamentos, hospitalizações. Em 1972, aos trinta e seis, morreu após uma overdose, deixando cadernos, cartas e uma presença que só cresceu.

A poeta que o Brasil deixou morrer em silêncio: prêmios não pagaram o aluguel, sopa fria e a palavra como único salário

A poeta que o Brasil deixou morrer em silêncio: prêmios não pagaram o aluguel, sopa fria e a palavra como único salário

Entre o quarto da Casa do Estudante e as salas da USP, Orides Fontela fez do rigor sua sobrevivência. Nascida em 1940, em São João da Boa Vista, atravessou censura, inflação e prêmios que não pagavam aluguel. Em 1996, diante das câmeras do SBT, preferiu pausas a anedotas. Em 1998, morreu em Campos do Jordão, reconhecida no último instante por um médico atento. Só depois, o país aprendeu o alcance de sua voz. Esta reportagem reconstrói a vida áspera que lapidou uma poesia de precisão e coragem, sem pedir piedade.

Rimbaud latino-americano: o menino que reinventou a música brasileira, reescreveu a poesia e morreu aos 28 anos

Rimbaud latino-americano: o menino que reinventou a música brasileira, reescreveu a poesia e morreu aos 28 anos

Nasceu longe do centro e aprendeu cedo que a língua podia ser faca e festa. Adolescente, migrou em busca de cidades maiores, trouxe o ouvido alerta, a pressa nas veias. Descobriu que a canção também pensa, que a rua tem melodia, que a crítica pode dançar. Dividiu noites entre estúdios e redações, amigos e filmes, rascunhos e ensaios. Amou o país e o feriu com ternura, como quem limpa o vidro para ver melhor. Viveu rápido, escreveu intenso. Aos vinte e oito, inventou um fim; a obra continuou respirando ali.

A seleção masculina suprema da literatura brasileira de todos os tempos

A seleção masculina suprema da literatura brasileira de todos os tempos

Uma seleção literária brasileira de onze autores é apresentada com método verificável: participação de um físico, um historiador e o editor da revista Bula. A avaliação combina experiência de campo, especialização disciplinar e autoridade editorial, com critérios públicos, documentação de fontes, revisão cruzada e transparência de procedimentos. Contexto histórico, medições formais de estilo e impacto sociocultural são expostos com linguagem clara e humor contido. O leitor encontra decisões justificadas, rastreáveis e auditáveis, sustentadas por dados, datas e arquivo, reforçando confiabilidade, rigor e responsabilidade crítica. Clareza metodológica orienta escolhas e debate.