Ele tinha 44 anos, o corpo em frangalhos e uma lucidez que feria. A cirrose venceu o homem. A poesia venceu a cirrose
Poeta curitibano de 1944 a 1989, Paulo Leminski cruzou origem polonesa e materna portuguesa, negra e indígena com judô, concretismo e música para lapidar uma voz breve e incendiária. Nas ruas e nos estúdios, uniu filosofia e fala de bar, amizade e risco, alegria e fenda. A redemocratização fervia; o corpo cobrava juros. O alcoolismo apertou, vieram internações, e Curitiba o velou jovem. Ficou a obra enxuta, lembrada por leitores e canções, que segue alterando o ar de quem a encontra, ainda hoje, em escolas, palcos e bibliotecas da capital.