Mesmo triste, o Rio de Janeiro continua lindo

Mesmo triste, o Rio de Janeiro continua lindo

O Rio de Janeiro vai continuar lindo. Vai continuar lindo para sempre. Não importa se tudo parece incerto, se as balas estão perdidas, se o ar aqui em cima é mais rarefeito, se a culpa pelo caos urbano é do traficante, do funk ou do prefeito, se o cenário político-econômico é insano ou, se olhando do alto do Pão de Açúcar, o nosso modo de vida parece um ledo engano. O Rio de Janeiro vai continuar lindo, mesmo que você me odeie, mesmo você me amando. A visão extasiante da baía existindo lá embaixo, o azul do céu eloquente, a brisa fresca que o olfato pressente, o chope gelado que amortiza as dúvidas na mente, tudo faz com que eu me sinta mais divino que o habitual.

As 10 melhores canções de Luiz Melodia

Viver é um drama. O balconista aumenta o volume. Pelo rádio, um locutor anuncia que acaba de falecer o cantor Luiz Melodia. O garçom piadista altera-se, comove-se e chora. Sinto um baque incrível, procuro um papel para escrever, para me salvar a qualquer custo. Mesmo assim, para onde quer que se olhe, o Rio de Janeiro continua lindo. Mais triste e lindo a cada dia. Para sempre.

Não espere seu pai ir embora para dizer que o ama

Não espere seu pai ir embora para dizer que o ama

Quando se tem o pai sempre por perto, ou mesmo se ele mora longe, mas se mantém presente, é comum se acomodar na segurança da sua presença. Mas repare que o pique dele já não é mais o mesmo de quando tinha tanta energia para trabalhar por várias horas seguidas, ou quando subia no telhado para consertar a antena da televisão. Hoje ele toma remédios, sente dores e tem o caminhar mais lento por causa da artrose; suas mãos já não são tão ágeis, e os fios de cabelos brancos, assim como a pele enrugada ao redor dos olhos, revelam que heróis também envelhecem.

Lima Barreto deve ser visto como escritor poderoso e não como Zumbi dos Palmares da literatura

Lima Barreto deve ser visto como escritor poderoso e não como Zumbi dos Palmares da literatura

Não se trata de reduzir a importância de Lima Barreto. Até porque não é possível fazê-lo. O escritor é, de fato, relevante. Mas cabe perguntar: qual de seus romances equipara-se, em termos de linguagem renovada (ou mesmo tradicional), a “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, ‘Vidas Secas”, “Grande Sertão: Veredas” e “A Paixão Segundo G.H.”? A resposta honesta talvez seja “nenhum”. Quem sabe o conjunto da obra (inclusive com a imponência de sua complexa biografia), entre romances, contos e crônicas, aproxime-o dos autores mencionados. Em comparações isoladas, obra a obra, não há dúvida de que não tem a força de Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e Clarice Lispector.