O romance brasileiro que trata o leitor como idiota e ainda espera ser chamado de genial
A janela aberta deixa entrar um cheiro de cidade úmida, algo de concreto e chuva atrasada; na mesa ao lado da poltrona velha, o livro ainda aberto, um marcador esquecido como promessa não cumprida; nenhuma luz acesa além da luminária, que lança sombras sobre o papel e faz parecer profunda uma história rasa; e assim, naquela quase madrugada que não se decide em chegar, alguém insiste na leitura, insistência que não nasce do prazer, mas talvez da obrigação inexplicada, como se parar fosse um fracasso, mas continuar fosse ainda pior, fosse aceitar um insulto silencioso, uma zombaria que vem de dentro das próprias páginas.