A sucessão de traumas regados a megalomania, negligência, despreparo, desprezo de pais que não poderiam ter filhos extrapolam a infância e se traduzem em cicatrizes que migram da alma para a carne, fazendo da vida de quem delas padece um obstáculo quase inexequível. Isso é parte do tormento da protagonista de “O Castelo de Vidro”, drama de família tão real quanto absurdo e fantasioso.

“Druk — Mais uma Rodada”, de Thomas Vinterberg, explora a vida de quatro professores que iniciam um experimento social, mantendo um nível constante de álcool durante o trabalho. Através deste cenário, o filme mergulha em temas como a busca pela felicidade e as consequências do vício. Mads Mikkelsen se destaca no papel principal, equilibrando momentos de euforia e realidade crua. O roteiro de Vinterberg e Lindholm equilibra humor e seriedade, complementado por uma cinematografia e trilha sonora que intensificam a narrativa. Este é um olhar sincero e provocativo sobre a complexa relação humana com o álcool.

“O Casamento do Meu Melhor Amigo” é decerto uma das derradeiras comédias românticas inteligentes do cinema. Percebe-se no filme de P.J. Hogan do cuidado com o texto, uma pérola de Ronald Bass cheia de referências à Era de Ouro de Hollywood, a sadia indiferença quanto a ferir suscetibilidades, sem que ninguém que possa ousar dizer-se ofendido com o que quer que seja. Os aspectos verdadeiramente austeros do enredo são suavizados por uma embalagem rosicler, como a de um bombom fino, mas que reserva sabores nem tão atraentes, ao menos para bocas ineptas ao agridoce da realidade.