A cultura do cancelamento explicada por Nietzsche

A cultura do cancelamento explicada por Nietzsche

Na calçada molhada de um tempo que se dobra sobre si mesmo, um grito se espalha sem voz. Nem rua, nem rosto, apenas um estalo seco, virtual, nas costuras da modernidade. Alguém cai. Alguém aplaude. A multidão se move como cardume, mas com dentes. Ali, entre os escombros digitais do dia anterior, Nietzsche caminha sem capa, sem século, sem filtro. Talvez o filósofo que falou com martelos soubesse algo sobre essa nova liturgia de execuções simbólicas. Talvez não. Mas seu eco ainda caminha conosco, como um delator invisível.

3 filmes da Netflix para quem já leu Freud, Jung e Lacan — e não se contentou com a superfície Divulgação / Blumhouse Production

3 filmes da Netflix para quem já leu Freud, Jung e Lacan — e não se contentou com a superfície

Certos filmes parecem incompletos à primeira vista. Como se faltasse algo: um gesto, uma chave, uma camada de leitura. Mas o que falta não é falha; é estrutura. Essa ausência é, muitas vezes, a própria marca de um cinema que recusa a clausura da narrativa. Filmes assim não se prestam ao conforto da explicação, mas sim ao deslocamento psíquico. E esse deslocamento, como ensinam as leituras de Freud e Lacan, é onde o sujeito se confronta com o que não pode simbolizar.

Por que leitores de ficção sentem mais empatia

Por que leitores de ficção sentem mais empatia

Estudos científicos comprovam: ler ficção literária ativa regiões do cérebro ligadas à empatia. Pesquisas de Raymond A. Mar, Keith Oatley, Kidd e Castano mostram que a leitura de obras densas estimula a teoria da mente e fortalece conexões emocionais. A literatura simula interações sociais, treinando o cérebro para sentir o outro. Para a filósofa Martha Nussbaum, ela é essencial à democracia. A empatia literária não é metáfora — é neurociência. Num mundo cada vez mais digital, a ficção ensina a arte de habitar o outro.

A nova literatura do burnout: 5 autoras que estão escrevendo o cansaço contemporâneo melhor que qualquer terapeuta

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Cinco romances de alto rigor literário ajudam a nomear um esgotamento que escapa aos diagnósticos convencionais. Com voz própria, experiência sensível e autoridade narrativa, Moshfegh, Enriquez, Slimani, Clarke e Offill exploram o cansaço estrutural que atravessa a subjetividade contemporânea. Seus livros não aliviam — legitimam. E é justamente por isso que se tornaram leitura essencial para compreender uma exaustão que já não pode ser ignorada.

De Volta à Ação: primeiro filme da Netflix em 2025 a ultrapassar 145 milhões de visualizações John Wilson / Netflix

De Volta à Ação: primeiro filme da Netflix em 2025 a ultrapassar 145 milhões de visualizações

Foxx retornou ao set em janeiro de 2024, discreto, comedido, inteiro, e visivelmente alterado pela experiência. No filme, interpreta Matt, um ex-agente secreto relutante convocado para uma missão tão inverossímil quanto qualquer outra que envolva a salvação da América. A narrativa, por mais absurda que se pretenda, ecoa o subtexto real que o filme jamais explicita, mas também jamais abandona.