Escrever biografias pode ser uma tarefa árdua, especialmente quando os fatos se perdem nas brumas do tempo. Quanto mais antiga a vida retratada, mais difícil é revelar os detalhes que a constituem. Algumas personalidades históricas, por sorte, têm sua trajetória registrada em documentos, cartas ou diários que sobrevivem ao tempo. Entretanto, esse não é o caso de Mary Anning, uma paleontóloga inglesa do período vitoriano. No filme “Ammonite”, o diretor Francis Lee faz uso de licenças poéticas para imaginar aspectos de sua vida e oferecer sua própria interpretação da história.

Em um futuro distópico, “Feios” mergulha na obsessão pela beleza padronizada e na uniformização das identidades. Adaptado do romance de Scott Westerfeld, o filme segue Tally Youngblood, uma adolescente prestes a se submeter a uma cirurgia que eliminará suas características individuais. Em uma sociedade que valoriza apenas a conformidade estética, a trama explora a luta interna de Tally entre a conformidade e a autenticidade pessoal.

Lançado em 2021, o filme surgiu após um longo período de isolamento social imposto pela pandemia, que, além de causar sofrimento emocional, ceifou milhões de vidas. Nesse cenário desolador, McKay explora de forma ácida e bem-humorada temas contemporâneos, como a ascensão das redes sociais como palco de hostilidade e distorção de valores, o avanço incontrolável da tecnologia, as alterações climáticas, e a futilidade dos que acreditam na própria celebridade.

A maternidade (e a paternidade) se entrelaçam nessas questões de forma complexa, e o roteiro coescrito por Marshall, juntamente com outros quatro colaboradores, sugere que cada um deve lidar com os rancores acumulados da forma que melhor puder, mesmo que esses ressentimentos venham de quem, paradoxalmente, mais se ama.