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Num universo onde o heroísmo é muitas vezes definido pela aparência e não pela substância, “O Voo” desconstrói o mito do salvador irrepreensível ao mergulhar na trajetória tortuosa de um piloto alcoólatra. Com direção precisa de Robert Zemeckis e um Denzel Washington em plena força dramática, o filme confronta vício, moralidade e verdade com crueza e potência emocional incomum.

A primeira impressão que “O Voo” passa é a de um drama sobre acidentes aéreos, com adrenalina em alta voltagem e manobras de tirar o fôlego. No entanto, o filme é engenhoso justamente por camuflar, sob a superfície do espetáculo, um mergulho brutal em zonas morais cinzentas, onde heroísmo e autodestruição colidem sem aviso. Robert Zemeckis constrói, com precisão quase cirúrgica, um estudo de personagem que não se contenta em julgar — ele nos obriga a compreender.