“Burlesque” é uma roleta que gira a glamurosa promessa de que um palco pode reinventar alguém, ou ao menos nos convencer disso por duas horas. O filme se apresenta como um cabaré que sonha ser Las Vegas, enquanto a narrativa se esconde por trás de paetês, aguardando que ninguém perceba sua falta de ousadia dramática. Só que nós percebemos, e, ironicamente, é exatamente aí que mora seu charme.
”Casa de Dinamite” inicia com uma premissa que imediatamente chama a atenção: uma ameaça nuclear contra os Estados Unidos e um elenco de autoridades governamentais, militares e civis responsáveis por gerenciar a crise. O filme adota uma estrutura narrativa fragmentada, conhecida como narrativa floral, na qual a história é contada a partir de diferentes perspectivas que deveriam se complementar, oferecendo ao espectador uma visão multifacetada do mesmo acontecimento.
O cinema juvenil adora repetir a fantasia de que o talento é uma espécie de passaporte universal, capaz de abrir portas seladas por séculos de hierarquia social. A história de Tyler Gage, jovem branco da periferia de Baltimore que encontra na dança uma improvável via de ascensão, parece feita sob medida para reafirmar essa crença confortadora.
Gillian Armstrong apresenta uma leitura calorosa e atenta do amadurecimento feminino em ambiente doméstico, olhando para a vida comum com interesse e sem sentimentalismo fácil. Com Winona Ryder, Susan Sarandon, Claire Danes, Trini Alvarado, Kirsten Dunst e Christian Bale, o filme valoriza o aprendizado, o cuidado e a independência econômica. A música de Thomas Newman, o figurino de Colleen Atwood e a fotografia de Geoffrey Simpson constroem um retrato de época que respira intimidade.
Em “Cartas para Julieta”, o romanticismo não é tratado como ilusão juvenil, mas como herança emocional que atravessa décadas e geografias. A Itália funciona quase como um oráculo, oferecendo aos viajantes aquilo que eles nem sabiam que estavam buscando: coragem para admitir suas insuficiências afetivas. E, convenhamos, não existe hedonismo mais genuíno que o de apostar, ainda que secretamente, que o amor pode ser, sim, uma forma de inteligência que persiste quando todas as outras fracassam.
