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Redescoberto como fenômeno cult, clássico adolescente dos anos 90 renasce e ainda deixa muito filme recente no chinelo, na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

Redescoberto como fenômeno cult, clássico adolescente dos anos 90 renasce e ainda deixa muito filme recente no chinelo, na Netflix

A vitalidade de um título como “Jovens Bruxas” permanece evidente quando se percebe como o filme articula inquietações típicas da adolescência com tensões sociais que ultrapassam o espaço escolar. O enredo parte de uma premissa reconhecível, mas é no modo como converte inseguranças individuais em experimentos de poder que se encontra seu verdadeiro motor. Sarah (Robin Tunney), recém-chegada a um colégio católico de Los Angeles, passa a circular entre jovens que veem na feitiçaria uma forma de reorganizar uma realidade que as humilha, limita ou simplesmente ignora.

Aventura épica com Anya Taylor-Joy e Chris Hemsworth na Netflix vai te deixar sem fôlego e ligeiramente perturbado Divulgação / Warner Bros.

Aventura épica com Anya Taylor-Joy e Chris Hemsworth na Netflix vai te deixar sem fôlego e ligeiramente perturbado

Sob o sol impiedoso daquele universo onde nada floresce além da brutalidade, é curioso perceber como “Furiosa: Uma Saga Mad Max” funciona quase como uma arqueologia afetiva do próprio caos. O filme se oferece como uma espécie de rito de iniciação, um convite ao espectador para atravessar uma paisagem que dispensa sentimentalismos, mas ainda assim insiste em testar a fibra moral de quem escolhe sobreviver. É nesse terreno de poeira e combustão que a narrativa encontra sua força, não por reproduzir o frenesi conhecido, mas por explorar o que acontece quando a violência perde a pressa e o desespero ganha forma de biografia.

Filme com Alicia Vikander e Michael Fassbender no Prime Video é emoção pura e absolutamente devastadora Divulgação / Touchstone Pictures

Filme com Alicia Vikander e Michael Fassbender no Prime Video é emoção pura e absolutamente devastadora

Baseado no romance homônimo de M. L. Stedman, “Uma Luz Entre Oceanos“ é um épico de Derek Cianfrance que narra um drama pós-Primeira Guerra ambientado na Austrália. Tom Sherbourne, interpretado por Michael Fassbender, é um veterano de guerra traumatizado, aceito como faroleiro em Janus Rock, uma ilha na costa da Austrália Ocidental. A princípio, é incumbido da missão por seis meses, já que o faroleiro efetivo da ilha, o senhor Trimble, está com problemas de saúde.

Filme com Michael Fassbender no Prime Video carrega o peso e a delicadeza de um grande romance literário Divulgação / Touchstone Pictures

Filme com Michael Fassbender no Prime Video carrega o peso e a delicadeza de um grande romance literário

O percurso emocional delineado em “A Luz Entre os Oceanos” ganha força justamente porque tudo parece funcionar como um conjunto de escolhas íntimas que, aos poucos, revelam sua capacidade de desestruturar vidas inteiras. Tom Sherbourne, vivido por Michael Fassbender, chega à ilha com a postura silenciosa de quem tenta reorganizar os próprios destroços após a guerra. Há algo no modo como ele observa o entorno que indica mais do que melancolia: uma tentativa cuidadosa de manter o mundo sob controle, como se cada regra seguida fosse uma forma de impedir que o caos voltasse a se insinuar.

Blockbuster épico volta a viralizar graças à Netflix e revela um cinema que Hollywood não faz mais Divulgação / Warner Bros.

Blockbuster épico volta a viralizar graças à Netflix e revela um cinema que Hollywood não faz mais

“Troia” retorna ao centro das atenções como um daqueles movimentos curiosos do imaginário coletivo, em que um filme já conhecido e discutido ganha novo fôlego e provoca um olhar renovado sobre sua própria existência. A revisita ao épico deixa evidente o contraste entre a ambição técnica do início dos anos 2000 e a lógica contemporânea dos grandes estúdios, agora mais inclinados ao serialismo, às franquias intermináveis e ao cálculo seguro de bilheteria. O longa, ao contrário, aposta no gigantismo como linguagem e encontra no excesso sua própria identidade, reconhecendo que a grandiosidade pode funcionar não apenas como forma, mas como substância narrativa.