Autor: Marcelo Costa

Tá na Netflix: o filme com Samuel L. Jackson que vai te lembrar por que ainda vale lutar Divulgação / Paramount Pictures

Tá na Netflix: o filme com Samuel L. Jackson que vai te lembrar por que ainda vale lutar

Em certas geografias, crescer é sobreviver a uma série de ausências. Ausência de estrutura, de horizonte, de voz. Nos subúrbios da Califórnia, como em tantos outros cantos do mundo, a adolescência corre na corda bamba entre a marginalidade e a esperança. E é exatamente ali que entra Ken Carter, homem de regras firmes, paciência curta e um tipo raro de fé: aquela que acredita mais no esforço do que no talento. Em “Coach Carter” (2005), o diretor Thomas Carter transforma essa figura real em motor narrativo de uma história que recusa atalhos. O que está em jogo não é apenas um campeonato de basquete, mas a própria possibilidade de futuro.

Um diamante sujo no catálogo da Netflix: a ação mais barulhenta (e genial) de Guy Ritchie Divulgação / Columbia Pictures

Um diamante sujo no catálogo da Netflix: a ação mais barulhenta (e genial) de Guy Ritchie

Há um tipo de filme que não se contenta em contar. Ele cospe, gagueja, desiste e volta. Dá voltas como um boxeador sem guarda, como se desafiar a própria narrativa fosse mais importante que qualquer desfecho. É o cinema que não pede permissão, que abre a porta da frente com o ombro e rabisca a parede da sala antes de dizer ao que veio. Em “Snatch: Porcos e Diamantes”, Guy Ritchie não quer falar sobre crime — ele quer te empurrar dentro dele, de rosto contra o asfalto. Não se trata de compreender, mas de sentir a pancada, rir com sangue na boca, seguir adiante.

A mais tocante história de amor da Netflix — e, sem dúvida, uma das mais belas da história do cinema Divulgação / Annapurna Pictures

A mais tocante história de amor da Netflix — e, sem dúvida, uma das mais belas da história do cinema

Barry Jenkins é mestre em transformar a delicadeza da vida cotidiana em um campo minado de emoções não ditas, silêncios dolorosos e gestos que gritam sem som. Sua arte, feita de olhares profundos e cores saturadas, oferece ao espectador uma reflexão contundente sobre as relações humanas e os abismos sociais que definem a existência negra na América contemporânea. Ao retratar amores interrompidos e felicidades adiadas, Jenkins cria um cinema urgente, poético e necessário, que denuncia injustiças enquanto celebra silenciosamente a resistência daqueles que insistem em amar, apesar de tudo.

O filme que todo mundo viu nos anos 80, esqueceu que existia, e agora está na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

O filme que todo mundo viu nos anos 80, esqueceu que existia, e agora está na Netflix

O que se via ali não era o futuro. Era uma lembrança disfarçada de promessa. Aquele tipo de ficção que não empurra para o depois, mas puxa para o antes. Uma cidade exausta, um helicóptero impaciente, um olhar treinado demais para ser apenas curiosidade. E o som, sempre o som, latejando por trás das paredes, atravessando portas, monitorando respirações. Havia, naquela paisagem granítica de concreto e paranoia, um espaço entre o que se via e o que se sabia. E ninguém parecia disposto a ocupar esse intervalo. A tela se abria, sim, mas era para dentro. E ninguém tinha a chave.

A história de amor mais contida e devastadora de Jane Austen está na Netflix: Razão e Sensibilidade Divulgação / Columbia Pictures

A história de amor mais contida e devastadora de Jane Austen está na Netflix: Razão e Sensibilidade

Há uma contenção que define o espírito de “Razão e Sensibilidade”, tanto no romance original de Jane Austen quanto na adaptação cinematográfica de Ang Lee. Uma elegância não no sentido estético convencional, mas como escolha ética e formal. O filme se abstém de excessos: evita discursos inflamados, evita sentimentalismos fáceis, evita mesmo a ideia de redenção dramática. Prefere acompanhar, com minúcia e paciência, a erosão de uma família condenada a reorganizar sua dignidade em silêncio.