Autor: Helena Oliveira

O filme mais estranho e adorável da Netflix para ver sem pensar duas vezes Jan Thijs / Summit Entertainment

O filme mais estranho e adorável da Netflix para ver sem pensar duas vezes

“Meu Namorado é Um Zumbi” tem a ousadia de sugerir que mesmo o apocalipse precisa de uma história de afeto, ainda que contada por alguém cujo vocabulário se limita a grunhidos ocasionais. A narrativa parte de um ponto improvável, mas irresistível: R, interpretado por Nicholas Hoult, um morto-vivo que vaga pelo aeroporto tomado pelos seus iguais, tenta decifrar suas próprias ruínas internas enquanto observa o mundo dos vivos com uma curiosidade tímida.

Nostalgia pura: aventura no Prime Video perfeita para desligar o cérebro no feriado Divulgação / Columbia Pictures

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“Ghostbusters: Apocalipse de Gelo” se movimenta como um grande espetáculo que tenta equilibrar duas expectativas conflitantes: resgatar uma mitologia que marcou gerações e, ao mesmo tempo, sustentar uma narrativa própria. O resultado é irregular, mas fascinante justamente por esse atrito. Desde os primeiros minutos, a sensação é de que o filme carrega mais camadas do que consegue administrar.

Aventura épica com Anya Taylor-Joy e Chris Hemsworth na Netflix vai te deixar sem fôlego e ligeiramente perturbado Divulgação / Warner Bros.

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Sob o sol impiedoso daquele universo onde nada floresce além da brutalidade, é curioso perceber como “Furiosa: Uma Saga Mad Max” funciona quase como uma arqueologia afetiva do próprio caos. O filme se oferece como uma espécie de rito de iniciação, um convite ao espectador para atravessar uma paisagem que dispensa sentimentalismos, mas ainda assim insiste em testar a fibra moral de quem escolhe sobreviver. É nesse terreno de poeira e combustão que a narrativa encontra sua força, não por reproduzir o frenesi conhecido, mas por explorar o que acontece quando a violência perde a pressa e o desespero ganha forma de biografia.

Filme com Michael Fassbender no Prime Video carrega o peso e a delicadeza de um grande romance literário Divulgação / Touchstone Pictures

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O percurso emocional delineado em “A Luz Entre os Oceanos” ganha força justamente porque tudo parece funcionar como um conjunto de escolhas íntimas que, aos poucos, revelam sua capacidade de desestruturar vidas inteiras. Tom Sherbourne, vivido por Michael Fassbender, chega à ilha com a postura silenciosa de quem tenta reorganizar os próprios destroços após a guerra. Há algo no modo como ele observa o entorno que indica mais do que melancolia: uma tentativa cuidadosa de manter o mundo sob controle, como se cada regra seguida fosse uma forma de impedir que o caos voltasse a se insinuar.

No Prime Video: Guy Ritchie surpreende com drama de guerra que entende que coragem não mora no front, mas no que se faz depois Divulgação / Amazon Prime Video

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A primeira impressão engana. Quando a narrativa se abre com o barulho seco das explosões e a poeira que insiste em pairar sobre cada movimento, o impulso inicial é esperar mais um desfile de estratégias militares e declarações inflamadas sobre patriotismo. Mas a história logo vira outra coisa. Existe uma pulsação quase clandestina por trás da ação, algo que atravessa o cenário bélico e se infiltra nos gestos, como se o filme dissesse que a verdadeira batalha não tem nada a ver com munição, e sim com a tentativa de não perder a própria consciência no meio do caos.