Autor: Helena Oliveira

Filme italiano na Netflix nos lembra do que tentamos esquecer: o bem ainda existe Divulgação / Netflix

Filme italiano na Netflix nos lembra do que tentamos esquecer: o bem ainda existe

Alguns filmes chegam com a delicadeza de quem bate à porta pedindo licença para existir. “Lazzaro Felice” faz exatamente isso, mas sem jamais abaixar os olhos. Há uma serenidade subversiva em sua presença, como se dissesse que a pureza não é ingenuidade, mas uma insurgência silenciosa contra a lógica brutal do mundo contemporâneo. A cada cena, parece sussurrar que há algo de profundamente errado quando a bondade se torna anomalia social.

O filme de Noah Baumbach na Netflix que vai conversar com suas feridas familiares Atsushi Nishijima / Netflix

O filme de Noah Baumbach na Netflix que vai conversar com suas feridas familiares

O caos doméstico tem uma estranha habilidade de se disfarçar de afeto. Às vezes, ele usa a forma de esculturas pretensamente geniais; noutras, veste o terno de um pai que jurou ter feito o melhor que pôde, especialmente quando não fez. Em “Os Meyerowitz — Família Não Se Escolhe”, Noah Baumbach nos convida a visitar um clã que domina essa arte com talento quase hereditário: o de amar com cotovelos, pedir atenção esfregando mágoas e sobreviver ao legado emocional de um patriarca que jamais entendeu a diferença entre orgulho e acolhimento.

O filme de realismo fantástico que transforma o impossível em metáfora da solidão moderna, na Netflix Divulgação / Netflix

O filme de realismo fantástico que transforma o impossível em metáfora da solidão moderna, na Netflix

O mito de voar sempre carregou uma promessa indecente: escapar daquilo que nos prende ao chão, às convenções, às regras, às etiquetas silenciosas que nos ditam como viver. Em “O Homem sem Gravidade”, essa fantasia ganha corpo no momento em que um recém-nascido se recusa, com elegância involuntária, a aceitar o peso do mundo. Não é apenas um bebê que flutua.

A nova obsessão da Netflix que faria Nietzsche levantar da tumba Divulgação / Columbia Pictures

A nova obsessão da Netflix que faria Nietzsche levantar da tumba

Há filmes que tentam engarrafar perguntas universais para vendê-las com pipoca. “Além da Morte” parte dessa ambição perigosa: decifrar o depois, esse território que nenhuma religião realmente conseguiu monopolizar, embora todas as marcas tentem licenciar. Cinco jovens médicos, orgulhosos de sua inteligência treinada em laboratório, decidem brincar com o limite que a biologia ainda insiste em chamar de vida.