Autor: Giancarlo Galdino

No começo de “Um Filme de Policiais”, se veem contornos luminosos azul e vermelho manchando o negro da tela, junto a um som gutural que imita o berro de uma sirene. Não tarda muito para que apareçam Teresa e Montoya, nessa ordem, agentes da Polícia da Cidade do México que em 107 minutos se alongam sobre as glórias e desventuras de se ser um executor da lei numa das metrópoles mais violentas do mundo.

O diretor chinês Bi Gan persevera em seu desejo de navegar pelos meandros da alma humana em “Longa Jornada Noite Adentro”, se estendendo sobre as memórias de um homem perdido em sua própria vida que busca resgatar o convívio com uma mulher que não reconhece mais, lançando-se assim numa marcha insensata e sem fim. Uma ilustração precisa da natureza débil da humanidade, sempre falta de tantos afetos.

“Quanto Vale?” é baseado numa história que todo mundo com mais de vinte anos sabe de cor. O que não se sabia — não com tal riqueza de detalhes, pelo menos — era que as questões colaterais que envolviam os atentados às Torres Gêmeas e ao Pentágono, em Nova York e Washington, em 11 de setembro de 2001, mexiam com a vida de tanta gente, que precisava ser compensada de alguma forma. Para tanto, entra em cena a tarimba do advogado Kenneth Roy Feinberg, que se voluntariara para o longo processo de pagamento de indenização às famílias das vítimas.

Ryan Gosling é um zumbi em “Drive”, mesmo que seu personagem sinta as dores do amor não correspondido, das facadas de rivais na vida de crimes, e sangre, por fora e por dentro. Muito mais anti-herói do que propriamente homem, seu personagem luta para sobreviver — viver para ele é impossível —, quase de todo deslocado do mundo, ainda que nem se importe tanto assim. Não tem vida, não tem amigos, nem família, e sequer um nome. Só lhe toca o gosto pela velocidade, e se misturada a uma dose suicida de perigo, melhor.

“A Noite nos Persegue”, do indonésio Timo Tjahjanto é um festival de cenas nada edificantes, algumas até repulsivas, embaladas num mote grandioso, que sempre rende muito, sobretudo em filmes de ação. Não é todo mundo que digere bem o gênero, marginalizado entre os mais diferentes segmentos da audiência, mas uma coisa é inegável: as duas horas de duração dessa história batem como uma catarse poderosa, que hipnotizam o público e reduzem suas preocupações a admirar o espetáculo que se levanta ali.