Autor: Giancarlo Galdino

Christopher McQuarrie deixa no ar o que pretende com seu “Missão: Impossível – Efeito Fallout”, mais do que fomentar o burburinho contumaz entre o público já afeto a esses enredos, reprova a incurável ganância da humanidade, sob ameaça devido ao extravio iminente do lote de um mineral tão valioso quanto letífero, capaz de arruinar de vez as já precárias condições de sobrevivência na Terra. Narrativas de ação como o roteiro de McQuarrie têm por natureza contar com uma essência dialeticamente aventurosa, por meio da qual nos apercebemos de um grande risco.

A despeito de um ou outro reacionário perdido em meio às incontáveis transformações de uma parcela da sociedade que não se conforma mais em ser negligenciada, o mundo evolui. A Itália no verão se traduziria no lugar perfeito para as descobertas de um garoto endinheirado em férias, e descobertas nunca se dão sem boa dose de conflito. “Me Chame Pelo seu Nome” é o retrato de um mundo em progresso constante, levando de arrasto o cinema, ou por razões de natureza artística ou por medo de prejuízos nada românticos.

Assenhoreando-se da pena do britânico D. H. Lawrence (1885-1930), em “O Amante de Lady Chatterley” a francesa Laure de Clermont-Tonnerre verte para a tela uma das histórias mais liricamente excitantes que a literatura universal já produziu, fazendo reviver o espírito de um tempo em que emoções — para o bem e particularmente para o mal — eram muito mais autênticas e muito mais devastadoras.