Às vezes, as dores do amadurecimento se estendem por um tempo além do suportável, mas, ainda assim, trazem suas benefícios. Essa é uma das conclusões a que se chega ao fim dos 103 minutos de “Forever”, metáfora perspicaz sobre as reações intempestivas, apaixonadas, coléricas de duas garotas frente ao desafio de ser alguém, de deixar sua marca no mundo, de sentir o gosto da vitória.
O personagem-título de “O Assassino” passaria toda a vida assim, até que sofre um grande baque justamente em seu ponto fraco, seu orgulho profissional. Aproximando-se do centésimo trabalho, incluídos clipes, curtas e ações publicitárias, David Fincher continua sabendo desvendar como poucos os segredos da alma humana, e, mais especificamente, os da alma masculina.
Com “Tempo de Glória”, Edward Zwick ajuda a corrigir dados equivocados e muda as inferências que deles florescem a respeito de uma quadra nebulosa da história dos Estados Unidos, desconhecida inclusive por muitos de seus cidadãos. O recorte da Guerra Civil Americana (1861-1865) sustentado pelo diretor evidencia o rebuliço motivado pela discordância quanto a se preservar ou não o regime escravocrata, mas salva do ostracismo póstumo homens que deram a vida pela libertação dos escravizados e pela luta dos afro-americanos por justiça social e igualdade civil.
Por mais que tente, o homem não contorna sua própria sorte; talvez, graças ao avanço da medicina, seja capaz de livrar-se de um ou outro fardo mais embaraçoso ao longo da viagem, mas chega uma hora em que a carga pesa tanto que viver torna-se uma birra. “50%” é o empenho de um homem agarrando-se a todas as chances que podem lhe sorrir, ora pendendo para a esperança, ora inclinado a despencar no abismo. Jonathan Levine espreme toda a poesia do roteiro de Will Reiser, sobrevivente de um tumor maligno na coluna descoberto aos 25 anos. E essa foi só a primeira de muitas agonias.
Os dramas românticos sérios, capazes de sustentar uma história pela força do argumento que reza que o amor supera qualquer dificuldade, ultrapassa todos os obstáculos e supre carências afetivas de outras ordens são escassos e quase sempre ambientam-se em distantes tempos idos, justamente porque o amor, é uma lástima, mudou demais. É por entender o sentimento amoroso como o maior professor que alguém pode ter na vida que “O Despertar de Uma Paixão”, inspirado num clássico da literatura universal, consegue manter sua importância como obra de arte.
