Autor: Giancarlo Galdino

Se existe uma história de amor obrigatória no cinema, é a obra-prima atemporal de Tom Ford, disponível no Canal Max

Se existe uma história de amor obrigatória no cinema, é a obra-prima atemporal de Tom Ford, disponível no Canal Max

Christopher Isherwood (1904-1986) viu na força dos versos de Tennyson e na solércia dos argumentos de Huxley a matéria-prima para tecer suas críticas a um estilo de vida que parecia-lhe confuso. Em 1964, o britânico-americano publicou “Um Homem Solteiro” (1964), por seu turno adaptado para o cinema sob o nome infeliz de “Direito de Amar”, um ótimo desfecho para a cadeia iniciada há dois séculos. Esteta profissional, Tom Ford pontua seu trabalho com filigranas como os ternos e vestidos desenhados por Arianne Phillips, um assunto que domina como poucos, a fim de chegar ao que de fato interessa.

Após chocar Cannes e ser aplaudido por 6 minutos, novo filme de Yorgos Lanthimos está nos cinemas brasileiros Divulgação / 20th Century Studios

Após chocar Cannes e ser aplaudido por 6 minutos, novo filme de Yorgos Lanthimos está nos cinemas brasileiros

O cinema de Yorgos Lanthimos provoca. Mais novo queridinho de Hollywood, o diretor tem se especializado em falar de assuntos e gente estranhos, e “Tipos de Gentileza” comprova a tendência iniciada com “Meu Melhor Amigo” (2001), sobre um vendedor de seguros que perde um voo para a França e passa pelas situações lanthimosianas que vêm capturando as atenções de plateias do mundo todo a partir de “Dente Canino” (2009). Aqui, três histórias que interligam-se ou não giram em torno do homem e os desejos que todos os dias é obrigado a sufocar.

Melhor filme brasileiro de 2024, até agora, foi aplaudido de pé por 12 minutos em Cannes Divulgação / Pandora Filmes

Melhor filme brasileiro de 2024, até agora, foi aplaudido de pé por 12 minutos em Cannes

“Motel Destino” é o filme mais quente do Festival de Cannes, diz a “Vanity Fair” — e o mais ardiloso também, acrescento eu. Por trás da lascívia quase gratuita de corpos nus, há o desejo visceral de Karim Aïnouz de conhecer o que está por trás de almas perdidas, todas no estabelecimento nomeado no título, um tipo de inferno que nem mesmo Dante Alighieri (1265-1321) saberia imaginar. Não sei dizer com a devida precisão em quanto aumenta o turismo ao litoral do Ceará, porém se os gringos nos enxergam como a carne mais barata do mercado, provamos que somos mais que um Brasil que canta, transa e é feliz.

O surpreendente filme que desbancou Barbie em número de espectadores no canal Max Divulgação / Warner Bros. Pictures

O surpreendente filme que desbancou Barbie em número de espectadores no canal Max

Falar de um jovem visionário, sonhando com a possibilidade de ter seu próprio negócio, é meio caminho andado quanto a ganhar a simpatia do público. Se este personagem for Willy Wonka, arrebatando os corações de crianças de oito a oitenta na pele de Timothee Chalamet num vesano conto de fadas a exemplo de “Wonka”, fica ainda mais difícil não se derreter. Este trabalho de Paul King segue a trilha aberta há mais de meio século, porém, claro, tem na tecnologia uma inescapável aliada para evitar o sabor rançoso de velho.

‘Adorável, encantador, magistral…’ O romance tailandês da Netflix que está sendo apontado como um dos melhores filmes de 2024 Divulgação / Netflix

‘Adorável, encantador, magistral…’ O romance tailandês da Netflix que está sendo apontado como um dos melhores filmes de 2024

Se toda forma de amor vale a pena, por que não considerar que o mais humano dos sentimentos possa, com a licença do trocadilho, humanizar sujeitos um tanto perdidos em sua bestialidade? Essa parece ser a intenção de Wasuthep Ketpetch em “Dívida de Amor”, o que já haviam feito antes. O roteiro de Meathus Sirinawin passeia por ruas estreitas de Bangcoc com esses dois cães vadios, e quem assiste se flagra padecendo de um misto de comiseração e deslumbramento, até que a personalidade instável do antimocinho fala mais alto e a história envereda por um andamento melodramático e até noir.