Autor: Giancarlo Galdino

Inspirada em Ibsen, nova produção no Prime Video transforma um clássico em um incêndio emocional contemporâneo Divulgação / Orion Pictures

Inspirada em Ibsen, nova produção no Prime Video transforma um clássico em um incêndio emocional contemporâneo

Considerado o pai do drama moderno, Henrik Ibsen (1828-1906) notava mudanças sutis tomando forma no meio que o cercava, e sua obra mira com argúcia as tensões sociais sob o ângulo das relações íntimas, o que Nia DaCosta tenta fazer no confuso “Hedda”. A releitura do texto do norueguês levada à tela pela diretora faz inegáveis acenos ao politicamente correto quando transforma a protagonista numa mestiça rejeitada pelo pai que espalha destruição aonde quer que vá, mas esta é só a miúda centelha que dá origem ao incêndio.

Netflix estreia o melhor filme de 2025, adaptação de livro finalista do Prêmio Pulitzer Divulgação / Black Bear

Netflix estreia o melhor filme de 2025, adaptação de livro finalista do Prêmio Pulitzer

Clint Bentley cristaliza a ideia de fusão do ordinário com o sublime em “Sonhos de Trem”, uma crônica sobre as inexoráveis reviravoltas do destino a que todos estamos sujeitos e de que maneira podemos nos defender delas. Inspirando-se na famosa novela homônima de Denis Johnson (1949-2017) publicada em 2011, Bentley e o corroteirista Greg Kwedar ilustram palavras com imagens que evocam mesmo uma atmosfera onírica, galvanizadas por um ator em estado de graça.

Acabou de estrear hoje na Netflix: uma jornada sci-fi brutal em um planeta cheio de predadores pré-históricos Divulgação / Sony Pictures Releasing

Acabou de estrear hoje na Netflix: uma jornada sci-fi brutal em um planeta cheio de predadores pré-históricos

Renúncias pautam o relacionamento de pais e filhos, premissa a que Scott Beck e Bryan Woods adicionam uma larga dose de fantasia delirante em “65 — Ameaça Pré-Histórica”. Roteiristas dos longas da série “Um Lugar Silencioso” (2018-2024), levados à tela por John Krasinski e Michael Sarnoski, e diretores do aclamado “Herege” (2024), Beck e Woods acertam e erram em diversos pontos, convictos do potencial da história que têm a apresentar, mas são batidos por um opositor inclemente.

O novo filme da Netflix que expõe o peso invisível da vida moderna e retrata mulheres à beira da exaustão Divulgação / Netflix

O novo filme da Netflix que expõe o peso invisível da vida moderna e retrata mulheres à beira da exaustão

Desafortunadamente, nem todo mundo consegue vencer os inimigos que cria, observação angular no ótimo “As Loucuras”. Rodrigo García compõe um drama episódico, com larga margem para situações engraçadas, iluminando discussões sobre identidade, perdas e ganhos, arrependimentos e, claro, até que ponto resiste a saúde mental durante a jornada. As mulheres que protagonizam as sequências elaboradas por García lidam com expectativas desumanas por parte da família, as costumeiras pressões sociais e um certo desajuste, que, no pior caso, degringola em problemas com a lei.

Baseado no livro de Valter Hugo Mãe, um dos filmes mais aguardados de 2025 acaba de chegar à Netflix Divulgação / Netflix

Baseado no livro de Valter Hugo Mãe, um dos filmes mais aguardados de 2025 acaba de chegar à Netflix

Não é todo mundo que alcança o equilíbrio de distanciamento e pendor para a fantasia usados por Valter Hugo Mãe para discorrer sobre os assuntos mais espinhosos da condição humana, e por essa razão é tão difícil adaptar para o cinema tramas como “O Filho de Mil Homens”. Daniel Rezende lança sua rede nesse oceano de possibilidades, muito certo do que quer e do que pode ter. Rezende é um diretor cuidadoso, atento aos detalhes próprios de seu ofício, e acha no livro de Mãe, um angolano radicado em Portugal, uma fonte inesgotável para elaborações poéticas.