Autor: Eberth Vêncio

Legalize o amor

Legalize o amor

Quase mais ninguém escreve cartas. Quase mais ninguém sonha em voar. Quase mais ninguém enlouquece de amor. Quase mais ninguém dá a vida por uma causa. Quase mais ninguém morre de sífilis. Quase mais ninguém atira contra Chefes de Estado. Quase mais ninguém planeja fugir de casa. Quase mais ninguém tem cinco filhos. Quase mais ninguém faz a menor ideia de quem foi Alberto Caeiro. Quase mais ninguém visita um sebo. Quase mais ninguém quer se casar com uma virgem. Quase mais ninguém quer ir para o céu, quem dirá, para a Disney. Quase mais ninguém toca Raul.

Estou correndo atrás de um sonho, mas ele corre rápido pra cacete

Estou correndo atrás de um sonho, mas ele corre rápido pra cacete

Felipe sonhava em construir foguetes para a NASA. Imaginem só, um brasileiro na agência espacial norte-americana. Dizem que já existe um por lá fazendo feijoada, tocando pagode, pensando em esquemas. Coisas de Brasil. Felipinho tinha talento nato para fugas homéricas do planeta. Com a cabeça no mundo da lua, hoje ele bate o polegar em beira de estrada, pede carona para qualquer pessoa que veja, vai para qualquer lugar que seja, desde que siga em frente. Para onde o nariz aponta qualquer lugar serve. Sua mente solitária é confusa, ferve.

Os 10 melhores duetos da MPB em todos os tempos

Os 10 melhores duetos da MPB em todos os tempos

Com a ajuda do editor dessa bem intencionada joça eletrônica, entabulei uma enquete entre os leitores da Revista Bula. Pedi que eles votassem nos dez melhores (os mais belos) duetos da música popular brasileira em todos os tempos. Cantores brasileiros cantando, em duplas, música brasileira. Houve uma avalanche de pérolas musicais por aqui. Após criteriosa apuração dos votos e dos palpites, ficou assim a nossa lista.

Será falta de fair play arrancar sua cabeça e usá-la como bola?

Será falta de fair play arrancar sua cabeça e usá-la como bola?

Isso aqui não é a Reader’s Digest. Leitores sem estômago para a leitura devem sair agora ou se calar para sempre (pelo menos, até o último parágrafo). Vou começar escrevendo como faria um velho escriba que não sou. Provenho de uma época em que se jogava futebol na rua, rachas no terrão do lote baldio ou cu-de-boi sobre a laje fria de uma sepultura (juro pelas chagas de Cristian & Ralf), descalço, chutando qualquer coisa que fosse redonda, inclusive uma bola de cobertão, que era mais bem tratada que uma mulher: com muito carinho, cuspe no bico e sebo de vaca nos gomos.

Quando me sinto triste, penso nos lábios da Scarlett Johansson

Quando me sinto triste, penso nos lábios da Scarlett Johansson

Não se preocupe com isso. Quando me sinto triste, solidão é remédio. Quando me sinto triste, cigarras cantam nos arredores do meu vazio anunciando que a chuva já vem. Tempos ruins? Olhos nublados sujeitos a pancadas de lágrimas? Não. Nada disso. Sinto muito discordar da esbelta moça do tempo. A chuva me alegra, tanto quanto o seu perfil esguio e as pernas de louça.