Autor: Eberth Vêncio

Viver é esquisito

Viver é esquisito

Não tenho planos de morrer logo, portanto, se tudo correr bem, vou permanecer vivo tempo suficiente para perder vitalidade, definhar, adoecer e arriar de vez, feito a bateria do meu carro. Sim. Viver é esquisito. Mesmo assim e, por causa disso, até mesmo para manter a mente e o corpo minimamente saudáveis e ocupados com tribulações menos inquietantes do que as fatigadoras crises existencialistas, espero trabalhar até morrer ou ficar louco.

As 10 melhores canções de Belchior

Acho que compreendo o que Belchior sentia no seu exílio voluntário. No fundo, eu penso que ele tenha entregado os pontos. Isso é um palpite, um sentimento muito pessoal, pois, eu quase sempre sofro do mesmo ímpeto de jogar a toalha: eu acredito que ele tenha optado em se postar fora do jogo, que ele tenha se recusado, peremptoriamente, a viver a vida tal e qual a vivemos no planeta, em especial, no Brasil, um país de povo inculto, sofrido, desonesto, matreiro, religioso, hipócrita e feliz.

As 10 melhores canções do Pink Floyd

As 10 melhores canções do Pink Floyd

O clima londrino fazia um bem desgraçado aos meus pulmões. Após concluirmos mais uma enquete com os leitores da Revista Bula, os quais elegeram “As 10 Melhores Canções do Pink Floyd” em todos os tempos, por meio de votação nas redes sociais, o editor chefe me enviou dentro de um baú para o velho continente, a fim de que eu tratasse com fog a minha velha tosse canina, além de ter me incumbido da extasiante missão de visitar um reduto para fãs do Pink Floyd em Londres. Eu já sabia: o rock estava morrendo.

Eu comeria o seu cérebro

Eu comeria o seu cérebro

Quando nós nos conhecemos, você disse que comeria o meu cérebro. Pensei que estivesse bêbada. Ou drogada. Ou surtada. Ou menstruada. TPM ninguém sabe. Fiquei estupefato. Fui pego de surpresa durante um porre coletivo civilizado num vernissage. Achei o comentário bizarro, pois, levei a coisa toda ao pé-da-letra, no sentido literal. Eu demorei a sacar que aquilo era uma espécie de elogio.

Deus é brasileiro, mas, requereu cidadania sueca

Deus é brasileiro, mas, requereu cidadania sueca

Odeio esse país. Amo essa joça. Agora é pra valer: eu gosto do Brasil porque tivemos Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Carlos Drummond de Andrade e Glauber Rocha. Viver numa nação com dimensões continentais é retirar pedras do caminho. Há sempre um caminhão delas a atravancar o progresso. Eu gosto do Brasil. Eu gosto de rir, mas, por favor, senhores, não me façam de palhaço. Não me digam que toda essa bandalheira institucionalizada é coisa de agora.