Autor: Eberth Vêncio

Diz-me como tratas o garçom que eu te direi quem tu és

Diz-me como tratas o garçom que eu te direi quem tu és

Eu me vingo do mundo com os intestinos. De tal forma que eu tive que encarar o toalete deplorável daquele boteco. Não dava pra adiar. Estava sendo chantageado por uma mulher, e isso me dava cólicas terríveis. Não me venham com feminismo de araque. Podia ser um homem, só que, no caso, era uma mulher. Simples assim. Por que a dita-cuja me chantageava não lhes diz respeito. Só comentei o fato para contextualizar: eu andava estressado à beça e isso fazia com que minhas tripas sofressem.

Fere-se mais com as palavras do que com os punhos

Fere-se mais com as palavras do que com os punhos

Era tarde avançada. Chovia. Nos olhos dela, tempestades. Eu me sentia esgotado. Ela parecia devastada, conduzida até ali por uma espécie de força extravagante advinda de outro mundo. Nunca sofri de superstições, então, relevei a pressa de ir embora. Ofereci a ela os ouvidos com esforço legítimo e desprendimento samaritano. Justo eu que, de santo, só padecia daquele olhar estático e melancólico. Cara de paisagem era o que diziam.

Legalize o amor

Legalize o amor

Quase mais ninguém escreve cartas. Quase mais ninguém sonha em voar. Quase mais ninguém enlouquece de amor. Quase mais ninguém dá a vida por uma causa. Quase mais ninguém morre de sífilis. Quase mais ninguém atira contra Chefes de Estado. Quase mais ninguém planeja fugir de casa. Quase mais ninguém tem cinco filhos. Quase mais ninguém faz a menor ideia de quem foi Alberto Caeiro. Quase mais ninguém visita um sebo. Quase mais ninguém quer se casar com uma virgem. Quase mais ninguém quer ir para o céu, quem dirá, para a Disney. Quase mais ninguém toca Raul.

Estou correndo atrás de um sonho, mas ele corre rápido pra cacete

Estou correndo atrás de um sonho, mas ele corre rápido pra cacete

Felipe sonhava em construir foguetes para a NASA. Imaginem só, um brasileiro na agência espacial norte-americana. Dizem que já existe um por lá fazendo feijoada, tocando pagode, pensando em esquemas. Coisas de Brasil. Felipinho tinha talento nato para fugas homéricas do planeta. Com a cabeça no mundo da lua, hoje ele bate o polegar em beira de estrada, pede carona para qualquer pessoa que veja, vai para qualquer lugar que seja, desde que siga em frente. Para onde o nariz aponta qualquer lugar serve. Sua mente solitária é confusa, ferve.

Os 10 melhores duetos da MPB em todos os tempos

Os 10 melhores duetos da MPB em todos os tempos

Com a ajuda do editor dessa bem intencionada joça eletrônica, entabulei uma enquete entre os leitores da Revista Bula. Pedi que eles votassem nos dez melhores (os mais belos) duetos da música popular brasileira em todos os tempos. Cantores brasileiros cantando, em duplas, música brasileira. Houve uma avalanche de pérolas musicais por aqui. Após criteriosa apuração dos votos e dos palpites, ficou assim a nossa lista.