Autor: Carlos Willian Leite

Stephen King é o McDonald’s da literatura?

Stephen King é o McDonald’s da literatura?

Ele não pede licença. Entra como fumaça por debaixo da porta, sem polidez nem mistério. Stephen King escreve como quem sangra e ri ao mesmo tempo, sem remorso, sem polimento. Seus livros são muitos, talvez demais, e essa abundância confunde. Alguns veem excesso, outros veem fôlego. Há quem o ame com culpa e quem o odeie com preguiça. Mas ignorá-lo é impossível. Ele construiu uma estrada entre o medo e o afeto — uma estrada larga, de pista dupla. E continua ali, dia após dia, servindo histórias como quem serve fast-food quente em bandejas literárias que ardem na mão.

Carlos Marcelo transforma um livro perdido num milagre narrativo

Carlos Marcelo transforma um livro perdido num milagre narrativo

Carlos Marcelo transforma um livro esquecido em milagre narrativo ao reeditar “O Escutador”, romance original de 1958 assinado por Ademir Lins. O que poderia ser apenas um gesto arqueológico se revela uma experiência literária intensa, lírica e carregada de ecos. Mais que um romance, o livro é um exercício radical de escuta: do outro, de si, do silêncio e do que ficou por dizer. Entre memórias, plágios assumidos e delírios de identidade, emerge uma história profundamente brasileira, narrada por um jovem que escutava escritores e, ao escutá-los, escrevia a si mesmo. Um livro raro, perturbador — e absolutamente necessário.

Entre Sidney Sheldon e Rubem Fonseca: onde cabe Raphael Montes? Divulgação / Companhia das Letras

Entre Sidney Sheldon e Rubem Fonseca: onde cabe Raphael Montes?

Tudo começa num sussurro, uma lâmina atravessando o silêncio como se cortasse também o tempo. Há sangue, mas é um sangue asseado, de laboratório, de bisturi, e há um riso que não combina com o corpo no chão. Alguém tropeça em seus próprios medos e chama isso de literatura. Outro ri, fotografando a queda, e vende o retrato como crime psicológico. No fundo, há sempre um cheiro de coisa fingida. Paredes limpas demais. Um monstro de aluguel. A literatura, essa, às vezes aceita sublocação.

7 melhores romances contemporâneos que ninguém te indicou

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Alguns romances não surgem como revelações — chegam devagar, como quem não quer incomodar, mas deixam feridas que cicatrizam devagar, se é que cicatrizam. São obras que não precisam gritar para doer, nem explicar para permanecer. Livros que não acenam de vitrines, mas esperam nos cantos, pacientes, até que alguém se aproxime com tempo, pele e silêncio. E quando isso acontece, não há volta. Eles falam menos ao ouvido e mais ao osso — onde a ficção deixa de ser invenção e vira memória emprestada.

10 livros mais vendidos no mundo em 2025 (até agora)

10 livros mais vendidos no mundo em 2025 (até agora)

A lista dos livros mais vendidos do mundo em 2025, segundo Amazon, The New York Times, PublishNews, GfK, Circana, OpenBook (China), Oricon (Japão), Media Control (Alemanha), Books Data e Nielsen, não revela tendências literárias — revela preferências emocionais embaladas para consumo rápido. Em vez de experimentação estética ou risco narrativo, o que se impôs foi a reconfortante previsibilidade. Tirando raras exceções, o que vendeu foi fórmula, repetição, eco. O mercado se moveu — mas a literatura, essa, ficou quase sempre do lado de fora da vitrine.