Autor: Carlos Willian Leite

4 leituras magníficas para sobreviver (e rir) das crises existenciais

4 leituras magníficas para sobreviver (e rir) das crises existenciais

Em certos dias, sobreviver é um verbo cansado — e rir, um gesto raro, quase clandestino. Entre o abismo da dúvida e o clarão repentino de um insight, livros podem funcionar como refúgio e ironia, compasso e desatino, um abraço que ri de si mesmo enquanto a tempestade ruge lá fora. Escolher o que ler quando tudo parece demais é como acender fósforos num quarto escuro: cada chama, um caminho breve para fora do labirinto, ainda que o riso venha torto ou atrasado.

O romance mais desconcertante e ferozmente inteligente publicado no Brasil em 2025

O romance mais desconcertante e ferozmente inteligente publicado no Brasil em 2025

O romance revisita “As Aventuras de Huckleberry Finn”, de Mark Twain, não com reverência — mas com lâmina. Não para amputar, mas para expor. O narrador agora é Jim, o homem escravizado que, na obra original, era apenas companheiro de travessia — uma figura marginal, funcional, quase caricata. Aqui, ele ganha corpo, memória, intelecto, ironia — e sobretudo, voz. Mas não uma voz unívoca ou redentora: a que emerge destas páginas é tensa, inquieta, por vezes contraditória, sempre consciente de sua posição precária no mundo.

Antes de Freud ser Freud: 7 livros que moldaram seu pensamento — todos com tradução em português

Antes de Freud ser Freud: 7 livros que moldaram seu pensamento — todos com tradução em português

Antes da doutrina, do divã e das disputas sobre o inconsciente, Freud foi apenas um leitor. Um jovem vienense entre livros, mergulhado nas angústias filosóficas, nos delírios poéticos, nas ideias que antecedem qualquer teoria. Antes de nomear traumas, ele os leu em tragédias. Antes de estudar desejos, os viu em pactos com o diabo, monólogos hesitantes, silêncios familiares. Ler o que Freud leu é enxergar suas ideias não como invenções súbitas, mas como chamas acesas por outras mãos — algumas literárias, outras profundamente metafísicas.

O livro brasileiro superestimado (e infantilizado) que virou crime dizer que é ruim

O livro brasileiro superestimado (e infantilizado) que virou crime dizer que é ruim

Elevado à condição de símbolo emocional de uma geração, “Tudo é Rio”, de Carla Madeira, tornou-se um romance quase intocável — um objeto de fé coletiva mais do que uma obra literária passível de crítica. Mas por trás da aura lírica e do culto à dor redentora, há um romance limitado, onde a intensidade se confunde com histeria, e o perdão com pressa. Uma escrita de efeitos fáceis, que estetiza o trauma e infantiliza a linguagem da dor. É hora de perguntar: por que tanto silêncio diante do que, talvez, não seja beleza — mas apenas ruído bem editado?

5 livros brasileiros que viraram objeto de culto (e você certamente ainda não leu)

5 livros brasileiros que viraram objeto de culto (e você certamente ainda não leu)

Nem todo clássico brilha sob os holofotes. Há obras que, ignoradas pela massa, germinam longe da superfície — misteriosas, obscuras, quase clandestinas. Livros que falam em línguas subterrâneas, que escolhem seus leitores como se desconfiassem do mundo. E quando encontram abrigo, não saem mais. Nesta curadoria, revisitamos cinco títulos brasileiros que, embora invisíveis à maioria, viraram objetos de culto. Obras que resistem ao tempo e ao esquecimento não por estratégia, mas por intensidade — e que talvez, justamente por isso, você ainda não tenha lido.