Julianne Moore brilha na melhor comédia de espionagem da Netflix — imperdível neste final de semana Divulgação / Twentieth Century Fox

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No universo do crime, ousadia é mais do que uma qualidade, é uma necessidade. Diferente das atividades regulamentadas por leis, destacar-se nesse meio é uma tarefa árdua, e sobreviver — no sentido mais amplo — exige instintos afiados e uma disposição para agir sem hesitação. Quem deseja ter sucesso em empreitadas ilícitas deve explorar uma faceta sombria de si mesmo, que raramente aparece em indivíduos que seguem o caminho da legalidade.

Matthew Vaughn revisita o glamour sombrio dos poderosos gângsteres em “Kingsman: O Círculo Dourado”, o segundo filme de uma trilogia sobre o mais desordenado, mas incrivelmente eficaz, serviço secreto do planeta. Adaptado da série de quadrinhos de 2012, criada por Vaughn, Mark Millar e Dave Gibbons, o filme abraça um estilo quase infantil, repleto de absurdos e exageros, sustentado por um elenco de peso que defende a ideia central de que as coisas nunca realmente terminam, apenas evoluem para novos começos.

A liberdade é uma das mais profundas aspirações humanas, mas raramente alcançada por completo. Estamos presos a diversas correntes — família, amigos, trabalho, sociedade, e até nós mesmos. A dúvida constante sobre o caminho certo, alimentada por nossas neuroses, nos assombra, mesmo quando o coração, que conhece a verdade, permanece invisível aos olhares inquisitivos do mundo. Esse ciclo de julgamentos e inseguranças é um fardo que todos carregam, e a percepção de que ninguém é totalmente livre — sempre à mercê do julgamento social — é uma verdade universal. A condenação ou absolvição pelos padrões sociais invariavelmente resulta em algum grau de sofrimento.

Em “Kingsman”, Vaughn, Jane Goldman, e Mark Millar recorrem a uma narrativa de amadurecimento para explorar a evolução da agência secreta, que tem servido à humanidade desde 1849. Charlie Hesketh, expulso da organização, está determinado a enfrentar Eggsy, o novato interpretado por Taron Egerton, que precisa do apoio do experiente Harry, vivido por Colin Firth. Apesar da trama ser marcada por momentos de tensão, como o ataque durante um show de Elton John, o verdadeiro destaque é o toque sutil do humor britânico que permeia a narrativa, mesmo diante de tragédias globais.


Filme: Kingsman: O Círculo Dourado
Direção: Matthew Vaughn
Ano: 2017
Gêneros: Comédia/Ação 
Nota: 8/10