Filme de Zack Snyder com 1 hora de cenas inéditas e classificação +18 chega à Netflix Divulgação / Netflix

Filme de Zack Snyder com 1 hora de cenas inéditas e classificação +18 chega à Netflix

O espaço é vasto demais para ser governado por indivíduos medíocres e inaptos, cujas visões limitadas sobre a vida desencadeiam rebeliões imprevisíveis que se espalham de galáxia em galáxia até culminar em um grande vácuo. Zack Snyder encontra uma nova forma de explorar essa saga, intensificando a natureza amaldiçoada de um universo paralelo repleto das emoções que todos conhecemos em sua versão única e tempestuosa de “Rebel Moon — Parte 1: A Menina do Fogo”.

Em “Rebel Moon — Parte 1: Corte do Diretor”, Snyder mergulha ainda mais em sua fantasia característica, trazendo à tona uma visão mais intensa sobre personagens marginais dotados de charme singular. Esses indivíduos, com inteligência acima da média, humor peculiar e personalidades magnéticas, são retratados em um roteiro co-escrito com Shay Hatten e Kurt Johnstad. A trama destaca a ganância de soberanos ávidos por expandir seus domínios, realçada pela fotografia sombria e expressiva de Snyder, demonstrando seu compromisso com um cinema feito à mão.

Após o assassinato do rei e da rainha, um novo Mundo-Mãe entra em colapso, e as disputas pelo poder minam a disposição do povo para resistir. O senador Balisarius, novo regente, envia seu general mais brutal para caçar os rebeldes que não aceitam o novo reinado. Inicia-se um período de caos, selvageria e fome, um caminho lento mas incessante rumo à subjugação que, paradoxalmente, fortalece a resistência. Os camponeses de Veldt, uma terra ainda próspera, são liderados por Sindri, personagem imenso e endurecido de Corey Stoll, que lembra um ciclope da mitologia grega.

Apesar de sua imponência, Sindri logo é derrotado pelo almirante Atticus Noble, interpretado por Ed Skrein, um personagem mais refinado, sujeito às oscilações de seu temperamento marcial, mas astuto e respaldado por um exército bem treinado e com vastos recursos. Desde o primeiro ato, Snyder adiciona cenas de confronto com rios de sangue, nudez explícita e diálogos carregados de profanidade, estendendo o filme em uma hora a mais, totalizando 204 minutos.

Contrariando as expectativas, a duração aumentada de “A Menina do Fogo” mais beneficia do que prejudica a narrativa. Snyder demonstra habilidade ao casar os momentos em que Kora, uma agricultora frágil, busca guerreiros que percebem que sua única chance de sobrevivência é enfrentar o novo déspota e seus homens. Embora muitos não sobrevivam para ver o fim da história, o filme avança com um ritmo cataclísmico, reforçando poeticamente sua descrença cínica neste mundo. Sofia Boutella continua a brilhar como uma heroína enigmática cuja jornada remete a um tempo de maior serenidade e aprendizado. No agora extinto Mundo-Mãe, Kora, lutando contra seus próprios demônios, viaja com uma comitiva de soldados a Sharaan, planeta natal do rei Levítica, na tentativa de convencer o monarca a apoiá-la.

Snyder às vezes deixa a trama em segundo plano, dando apenas um vislumbre do que está por vir e sinalizando sobre a segunda parte de sua distopia sobre o neofascismo. Em entrevistas recentes, o diretor afirmou ter reorganizado eventos para instigar a curiosidade do público. Conquistando uma transformação sutil, sua interpretação solitária e incisiva dos desafios da vida prende com olhos de consternação profunda, enquanto ele também nos fala de um carrossel brilhante e perigoso, que nos mantém girando sob o domínio do tirano da vez.


Filme: Rebel Moon — Parte 1: Corte do Diretor
Direção: Zack Snyder
Ano: 2024
Gêneros: Ação/Fantasia
Nota: 8/10