A combinação de elementos românticos e aventuras pode criar narrativas que nem sempre se encaixam perfeitamente em histórias de amor ou em tramas de heróis desafiando o destino. Em “Cidade Perdida”, dirigido por Aaron e Adam Nee, a história se equilibra entre esses dois polos sem dar qualquer sinal de incerteza. A narrativa, rica e intrigante, é conduzida de forma focada nas performances cativantes dos protagonistas, uma estratégia inteligente para prender a atenção do público, especialmente quando o caminho não está claramente traçado. O filme atrai uma audiência diversificada, desde aqueles que se conectam com as dificuldades de um casal em situações extraordinárias até os curiosos sobre o desfecho da história. Os roteiristas, junto com outros três profissionais, exploram habilmente a química e o talento dos personagens principais, resultando em uma produção única e envolvente.
Desde o início, o filme apresenta claramente a fantasia que se desenrola na tela, prometendo manter o público interessado durante seus 112 minutos de duração. Loretta Sage, uma escritora de romances populares, surge em uma cena dramática com um homem mais jovem entre serpentes, sob a mira de um antagonista armado com chicote e cercado por seguranças. A cena, carregada de sugestões eróticas, é apenas o início de um desenvolvimento mais profundo que se revelará nos atos seguintes, deixando claro o rumo que o filme tomará.
Loretta, no entanto, percebe que a realidade ao seu redor é inverossímil: as serpentes são incrivelmente dóceis, e a situação parece irreal. A escritora descarta essas percepções como meros fragmentos do último capítulo de seu livro em progresso, onde ela luta para encontrar as palavras e ideias certas. Alan, um atraente doutor em matemática, permanece ao seu lado, tentando se mostrar útil na trama.
Os irmãos Nee orquestram com habilidade as circunstâncias em que os protagonistas se encontram, permitindo que “Cidade Perdida” se desenvolva através de subtramas que, embora inicialmente caóticas, gradualmente fazem sentido. Sandra Bullock, interpretando uma mulher madura de maneira autêntica e corajosa, reflete sobre as escolhas que a levaram a abdicar de uma relação conjugal estável e dos prazeres simples.
Channing Tatum se destaca como o herói não convencional, musculoso mas sensível, transformando-se na personificação das fantasias literárias de Loretta. Esta interação entre realidade e ficção enriquece a narrativa de maneira divertida e despretensiosa. Complementando o elenco, Daniel Radcliffe oferece uma atuação convincente como o vilão, apesar de seu tom às vezes exagerado. A inclusão de comediantes talentosos no elenco de apoio acrescenta ainda mais valor ao filme.
Filme: Cidade Perdida
Direção: Aaron e Adam Nee
Ano: 2022
Gêneros: Aventura/Ação/Romance
Nota: 8/10