Se você ama “2001: Uma Odisseia no Espaço”, vai ficar fascinado na ficção científica com Kristen Stewart na Netflix Divulgação / Chernin Entertainment

Se você ama “2001: Uma Odisseia no Espaço”, vai ficar fascinado na ficção científica com Kristen Stewart na Netflix

“Underwater” é um filme de contornos precisos, com seus méritos e desafios. Em pouco mais de hora e meia, William Eubank conduz seus atores a um ambiente claustrofóbico, emulando uma região do Pacífico Ocidental que inspira pouca simpatia. As profundezas das fossas Marianas, onde o oceano atinge seus limites, servem como cenário para uma expedição que evoca lembranças do épico “Titanic”, de James Cameron, embora aqui o perigo se insinue no interior de um submarino muito antes de qualquer ameaça de naufrágio.

O roteiro elaborado por Adam Cozad e Brian Duffield explora a invasão de um organismo anômalo determinado a privar a tripulação de oxigênio, lançando-os em um caos imprevisível. É inevitável lembrar de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick, obra que discute de forma atemporal o progresso humano, a tecnologia, a inteligência artificial e a possibilidade de vida extraterrestre. Em “Underwater”, os homens confrontam esse inimigo oculto e entre si em uma luta pela sobrevivência, uma metáfora contundente sobre nossa relação negligente com o meio ambiente e até que ponto estamos dispostos a descer em nome de supostos ideais nobres.

Até o desfecho, o desafio de Eubank é manter o interesse da audiência em eventos que, embora assustadores, se tornam rotineiros para Norah, Lucien e os outros membros da tripulação. No entanto, um choque como esse, por mais plausível que seja, nunca é facilmente digerido. O diretor reserva para os momentos finais a possível salvação da ameaça dos organismos invasores, na forma de cápsulas de fuga que, infelizmente, já não estão mais disponíveis.

A cena em que Norah deixa o submarino e se aventura a cerca de um quilômetro e meio no fundo do oceano em busca desse último recurso destaca o caráter artesanal e improvisado de “Underwater”. Enquanto Kubrick sempre foi um mestre em sua arte, é difícil ignorar as marcas deixadas por Cameron. A habilidade de Kubrick em criar obras complexas e profundas é inegável, e sua influência ressoa em muitas produções cinematográficas. No entanto, cada diretor traz sua própria visão e estilo único para suas criações. Eubank, com “Underwater”, oferece uma abordagem mais direta e visceral, enfatizando a urgência e a tensão do momento presente.

Ao optar por um estilo mais artesanal e mambembe, Eubank consegue capturar uma sensação de desespero e improviso que permeia todo o filme. Enquanto Kubrick pode ter sido mais refinado em sua execução, a abordagem de Eubank confere uma autenticidade palpável à narrativa, mergulhando o espectador em um mundo de perigo iminente e sobrevivência precária.

“Underwater” pode não alcançar as alturas intelectuais de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, mas isso não diminui sua capacidade de entreter e envolver o público. Cada filme tem seu próprio lugar e propósito, e “Underwater” certamente tem méritos próprios, especialmente em sua capacidade de criar uma atmosfera de suspense e desespero palpável.

No final das contas, tanto Kubrick quanto Eubank contribuem para a riqueza e diversidade do cinema, cada um deixando sua marca distintiva nas obras que criam. E “Underwater”, na Netflix, com sua abordagem ousada e sua energia pulsante, certamente deixa uma impressão duradoura naqueles que o assistem.


Filme: Underwater
Direção: William Eubank
Ano: 2020
Gêneros: Terror/Ação
Nota: 8/10