O thriller de ação que acaba de chegar à Netflix e vai te manter na ponta do sofá por 88 minutos Divulgação / Tetrad Studios

O thriller de ação que acaba de chegar à Netflix e vai te manter na ponta do sofá por 88 minutos

O começo de “Jade” engana. A história de uma mulher jovem, bonita e negra, membro de uma gangue talvez sem muita convicção, mas que se envolve num imbróglio de alcance internacional, vai revelando, a seu tempo, uma trama promissora, ainda que um tanto sem controle por causa dos excessivos vaivéns. O diretor James Bamford cerca-se de um elenco talentoso e atento, que se sai melhor que a encomenda nos vários momentos em que, mais que argúcia, é preciso dominar a técnica a fim de oferecer à audiência o resultado que se espera desses enredos.

Especialista em produções de cadência ágil, como se assiste em “Air Force One Down” (2024) e na série “Arqueiro” (2012-2019), exibida pela CW, Bamford faz um bom trabalho a partir de seu roteiro com Lynn Colliar e Glenn Ennis, e do texto dos três nasce a performance gloriosa de uma atriz que concentra todos os predicados para engrandecer o filme.

Um problema de fato relevante em “Jade” está logo na introdução. Em vez de recorrer a imagens para descrever o suplício da personagem-título e o irmão, Brandon, em Albuquerque, no Novo México, centro-sul dos Estados Unidos, onde foram morar depois de seus pais terem sido assassinados em Londres, o diretor escolhe botar tudo em letras sobre um fundo vermelho-sangue, enquanto a trilha preenche os muitos vazios.

Nunca se esclarece como os dois terminam virando delinquentes profissionais, e um episódio funesto envolvendo Jade, Brandon e uma arma de fogo num momento de tensão faz com que a moça prometa a si mesma jamais pegar num revólver outra vez na vida. Nesse segmento, Bamford começa a se aprofundar nos conflitos mais íntimos de sua anti-heroína, que se mostra presa de uma ingenuidade pouco recomendável para alguém na sua posição.

Shaina West faz o que pode para salvar o filme do tédio. As bem-coreografadas sequências de luta disfarçam a afetação dos diálogos, e ainda que a narrativa se esgote em pouco menos de hora e meia, sente-se que sempre acaba sobrando uma ou outra cena, que o diretor se esforça para que seja aproveitada.

Lá pelas tantas, se começa a ter pena de Jade, rodeada de falcões em asas de pombo; Tork, o vilão unidimensional interpretado por Mickey Rourke, passa a ameaçá-la, em busca de um tal HD (!) contendo supostas informações sigilosas sobre energia nuclear ou coisa que o valha, até que Reese, o investigador vivido por Mark Dacascos, cai do azul para oferecer-lhe algum consolo. “Jade”, na Netflix, é uma tamanha coleção de absurdos que, decerto, haverá quem lhe encontre sentido. Parabéns a esse felizardo.


Filme: Jade
Direção: James Bamford
Ano: 2024
Gênero: Ação/Suspense
Nota: 7/10