Um dos mais assistidos do momento, filme imperdível com Nicolas Cage está Netflix Divulgação / Lionsgate Films

Um dos mais assistidos do momento, filme imperdível com Nicolas Cage está Netflix

Não se pode ignorar o fascínio que os assassinos em série exercem sobre aqueles que enfrentam as agruras da vida sem o conforto de posses ou o apoio emocional. Estes são indivíduos frequentemente esquecidos pela sociedade, relegados a vagar entre hospitais em busca de cuidados, ou aguardando oportunidades à porta das empresas. O absurdo subjacente a essa realidade é muitas vezes despercebido por eles.

Ao longo dos anos, os criminosos de todos os tipos têm sido enaltecidos, em parte, por retratos históricos imprecisos em certos filmes. No entanto, tais representações não passam de uma glorificação descarada do crime.

No contexto brasileiro, o filme “Tropa de Elite” (2007), dirigido por José Padilha, destaca-se como uma exceção. Ele expõe o submundo da ilegalidade sem esconder a existência de policiais honestos, comprometidos com seu dever social e imunes às tentações da imprensa, da academia ou de grupos privilegiados. Por sua vez, Hollywood ocasionalmente consegue retratar de maneira mais realista e menos condescendente os assassinos impiedosos, revelando suas vidas duplas como pais de família aparentemente normais, maridos amorosos e membros respeitáveis da comunidade.

Em sua estreia como diretor de longas-metragens, Scott Walker vai além do óbvio ao relatar a saga de um destemido detetive em Anchorage, no Alasca, nos anos 1980, em “Sangue no Gelo”, na Netflix. Ele tenta capturar um assassino em série que aterroriza a cidade, principalmente suas trabalhadoras do sexo. Embora o enredo possa utilizar alguns clichês, o que realmente se destaca é a habilidade de Walker em manter o público envolvido, ansioso pelo próximo desdobramento da trama.

O trabalho policial é único, com suas próprias idiossincrasias que o distinguem de qualquer outra ocupação. Os policiais, em teoria, nunca descansam, e o desejo de justiça imediata, sem as formalidades dos processos legais, permanece arraigado na rotina daqueles que passam anos combatendo o perigo das ruas. Os filmes americanos frequentemente exploram essas nuances complexas da vida policial e social, abordando temas sensíveis como racismo, sexualidade e drogas com franqueza e intensidade, o que ressoa com o público ao transmitir uma sensação de compreensão e empatia.

O filme de Walker é baseado na história verídica de Robert Hansen (1939-2014), um assassino em série cujos crimes chocaram os Estados Unidos. À medida que as prostitutas desaparecem e o necrotério de Anchorage se enche, o investigador Jack Halcombe é confrontado com o desafio de prender o assassino, que conta com a cumplicidade de outros policiais. Walker habilmente retrata a postura negligente das autoridades diante dos assassinatos, focalizando nas figuras de Cindy Paulson, uma sobrevivente, e Hansen, como os elementos-chave que desvendam o caso. Este filme talvez represente o melhor desempenho de Nicolas Cage, com o suporte notável de Vanessa Hudgens e John Cusack.


Filme: Sangue no Gelo
Direção: Scott Walker
Ano: 2013
Gêneros: Thriller/Crime
Nota: 8/10