Baseado em história real incrível, filme com Josh Brolin e Miles Teller, na Netflix, é lição de coragem e resiliência Divulgação / Homens de Coragem

Baseado em história real incrível, filme com Josh Brolin e Miles Teller, na Netflix, é lição de coragem e resiliência

Os heróis da vida real precisam comer, adoecem ocasionalmente e têm hipotecas a quitar. Em muitos casos, essas pessoas mostram uma coragem inimaginável, deixando seus lares, famílias e filhos, e às vezes não retornam. Seus esforços são reconhecidos em cerimônias públicas, seus nomes adornam ruas nos subúrbios das megalópoles ao redor do mundo, e alguém derrama uma lágrima furtiva por eles, mas eles não voltam. Outros heróis são necessários; eles reiniciam o ciclo iniciado por aqueles que vieram antes, abrindo novos caminhos, enquanto o mesmo destino os espreita.

“Homens de Coragem”, de Joseph Kosinski, que está na Netflix, explora a rotina de uma equipe de bombeiros do Arizona empenhada em conquistar o certificado de hotshots, profissionais qualificados para combater incêndios no local, usando apenas aceiros, uma técnica que envolve estabelecer uma linha de fogo milimetricamente calculada.

Enquanto não atingem esse objetivo e não se tornam o primeiro esquadrão municipal de elite dos Estados Unidos, a equipe, baseada em Prescott, no centro-oeste do Arizona, liderada pelo chefe Eric Marsh, interpretado por Josh Brolin, contenta-se em acompanhar de perto o árduo trabalho dos batalhões já aprovados, que se aventuram na mata com noções mais precisas de onde estão pisando e, consequentemente, sabendo quais procedimentos adotar para prevenir um revés se o fogo se alastrar sem aviso prévio.

O veterano Duane Steinbrink, com uma participação emotiva de Jeff Bridges, é o mentor da equipe e responsável por fornecer a Marsh todas as orientações possíveis para aprimorar o desempenho do grupo, enquanto intercede junto ao avaliador Hayes, interpretado por Ralph Alderman.

A valorização do companheirismo, uma constante no roteiro de Eric Warren Singer e Ken Nolan, destaca-se ainda mais com a entrada em cena de Brendan McDonough, vítima dos altos e baixos próprios da rotina de um viciado em drogas. Ao descobrir que será pai, algo em McDonough se acende subitamente, e ele decide mudar de vida.

A interpretação de Miles Teller — incrivelmente precisa em realçar a emoção quando necessário, mas destacando o caráter de fera ferida do personagem — confere ainda mais sentido a uma narrativa cíclica, onde os bombeiros enfrentam situações constantes de estresse, lidando razoavelmente bem com elas ao desanuviar o ambiente com a verborragia tão característica quando muitos homens se reúnem. É McDonough, o mais frágil deles, quem resiste ao golpe mais severo que poderia abatê-los, precisamente no primeiro grande desafio do pelotão depois de serem devidamente reconhecidos como autênticos hotshots.

Como costuma acontecer quando tudo está indo excepcionalmente bem, especialmente em histórias com esse contexto, chega o momento em que o espectador começa a seguir seus instintos e se questiona sobre a hecatombe iminente. Tinha conhecimento superficial da tragédia dos bombeiros de Prescott e custei a acreditar no que meus olhos marejados viam.

Mais uma dessas tramas que a vida escreve à perfeição, “Homens de Coragem” é conduzido até o final com um decoro que, ao mesmo tempo, comove e inspira. Quem não se sensibiliza com o drama de homens que se perdem por quem jamais hão de conhecer tem o pretexto de assistir ao filme pela qualidade técnica. Mas eu acho muito difícil.


Filme: Homens de Coragem
Direção: Joseph Kosinski
Ano: 2017
Gênero: Drama
Nota: 10