“O Recepcionista” é um thriller psicológico de Michael Cristofer, estrelado por Tye Sheridan, Ana de Armas, Helen Hunt e John Leguizamo. O enredo gira em torno de Bart (Sheridan), um recepcionista de hotel que tem Síndrome de Asperger e vigia os hóspedes por meio de câmeras instaladas em seus quartos. Bart não é um psicopata. Ao menos, é o que acreditamos. Ele usa as filmagens para estudar os comportamentos sociais das pessoas e praticá-los no seu dia a dia, já que ele não consegue interagir como uma pessoa comum.
Após um dia de trabalho, ele retorna para sua casa para poder assistir à nova hospede que acaba de entrar em um dos quartos. Para sua surpresa, ele testemunha uma grave agressão. Bart corre para o hotel para tentar salvar a mulher, mas alguns minutos depois de entrar no local, ouvimos um barulho de tiro. Quando o outro recepcionista abre a porta do quarto, o crime já aconteceu. Bart está sentado na cama, a hospede está morta e há sangue por toda parte.
O espectador não vê o que ocorreu, apenas conjectura que Bart chegou tarde demais. No entanto, conforme as investigações policiais, lideradas pelo detetive Espada (Leguizamo), avançam, o jovem recepcionista se torna um sujeito questionável. Ele não revela que grava ilegalmente os hóspedes vivendo momentos íntimos dentro de seus quartos. Então, precisa inventar uma história para justificar sua presença no hotel fora de seu horário de trabalho. Quando algumas pontas de sua versão não atam, Bart se torna um suspeito.
Embora o espectador queira acreditar que o recepcionista tentou impedir o crime de acontecer, o filme deixa o suspense no ar. Mesmo que tenha ocorrido um assassinato, o verdadeiro mistério não é saber quem o praticou, mas se foi ou não Bart. É o personagem o verdadeiro enigma a ser desvendado. Nesse thriller “slow burn”, não há sustos e nem demônios. Não há uma trilha sonora comum do gênero. Cristofer consegue manter o enredo interessante, embora o ritmo seja arrastado.
Ana de Armas interpreta Andrea, uma mulher atraente que seduz Bart para conseguir um quarto de graça no hotel. Durante vários momentos, ela se insinua discretamente para o rapaz, que acaba se apaixonando. O problema é que ele descobre que Andrea tem um caso com o homem que estava agredindo a mulher assassinada. Quando Bart vê Andrea apanhando também deste homem suspeito, ele corre novamente para o hotel para tentar salvar a moça.
A atuação de Tye Sheridan é ao mesmo tempo ingênua e enigmática, afinal, o voyerismo continua sendo um ponto de interrogação na nossa mente. Já Ana de Armas aparece, como sempre, magnética. Ainda há a desperdiçada atuação de Helen Hunt, como mãe de Bart, que poderia ter acrescentado muito mais drama e emoção se tivesse um papel maior.
No fim das contas, não há um grande desfecho, um clímax. A expectativa é grande, mas Cristofer oferece um final que pode ser decepcionante para muitos espectadores ou apenas “ok” para outros, mesmo depois de conseguir nos prender por mais de uma hora e meia.
Filme: O Recepcionista
Direção: Michael Cristofer
Ano: 2020
Gênero: Policial / Drama / Mistério
Nota: 7/10